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Angela Rô Rô: feliz aos 50

Zeca Corrêa Leite - Folha do Paraná
24 nov 2000 às 10:46

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Angela Rô Rô chegou aos 50 anos e descortinou um novo mundo. Os excessos ficaram no passado e o presente sinaliza um futuro mais tranquilo, com todas as possibilidades que ele pode oferecer. Cautelosa, a artista não quer desfraldar bandeiras nem soltar rojões, mas está confessadamente satisfeita consigo mesma. Essa nova Rô Rô é a que o público verá esta noite no bar Era Só O Que Faltava, a partir das 22 horas.

No programa estarão alguns dos seus grandes sucessos ao lado de clássicos jazzísticos como "As time goes by". Mas o reencontro com os fãs acontece mesmo quando a cantora puxa o fio de seus sucessos e manda à platéia suas confissões mais românticas, como "Amor, meu grande amor", "A mim e a ninguém mais", "Só nos resta viver".

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A platéia do Era Só O Que Faltava - que se espera faça silêncio, ao contrário do que aconteceu com a estréia de Cida Moreira - terá assim contato com o repertório do novo CD da artista, que está sendo lançado pela Jam Music. Depois de sete anos fora dos estúdios - o último foi ao vivo pela Som Livre -, vem aí um disco onde o jazz e as suas próprias composições estarão harmonizados, traduzidos pela voz rouca da intérprete.

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Com certeza terá uma série de viagens para divulgação do trabalho, e isso também faz parte dos lucros que a vida está trazendo. Mas Angela Rô Rô não vai ficar por muito tempo sob as asas da gravadora, que já marcou o dia 16 de dezembro para uma sessão na casa Tom Brasil, em São Paulo.

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Inquieta, dará continuidade aos shows que realiza pelo Brasil, como este que leva hoje em Curitiba. Aliás, ela mesma diz que o espetáculo não se restringirá à época do lançamento. Ele vai existir indefinidamente, porque tem as características de uma récita que não sofre o desgaste do tempo.


Enquanto planos e projetos têm andamento, Angela Rô Rô vive aquilo que ela chama de "um grande milagre". A diferença à primeira vista está nos 33 quilos a menos que ostenta orgulhosamente. Feliz com a vitória, diz que vai se desfazer de mais uns dez.

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Mas, o melhor de tudo, está nas linhas invisíveis de sua escrita existencial: há menos de um ano saiu do poço de todos os vícios que carregava. Largou das drogas, da bebida e do cigarro. Tudo de uma vez. "Eu era a única ruína cultural deste país que ninguém visitava", brinca. Fora desses sufocos descobriu o grande lance que é viver:


- Acordei para algumas coisas, mas não quero acordar para outras, senão me torno executiva, ao invés de poeta. Hoje o palco para mim tem sabor. Não importa se bom ou ruim, mas é o sabor da vida. Antes eu estava anestesiada.

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A porta que se abriu aos 50 anos, depois de uma década de total abandono de si mesma - foi quando atirou-se à parede, sem proteção alguma - trouxe-lhe outros entendimentos, como o valor que ela dá a essa oportunidade da existência. "Preciso demais dessa porta aberta", confessa. "Quero encarar a terceira idade com muitas coisas boas, muita curtição, muito trabalho".


As doidices do passado deixaram uma "bagagem pesada". Mas se episódios ruins aconteceram foi porque a artista não era, realmente, aquilo que aparentava. "Sempre fui tímida, banana, medrosa. Daí fiz a figura de corajosa". Uma fachada que tinha por princípio a proteção, deixou-a mais desprotegida. Até que a máscara caiu e Angela se viu, de repente, perante uma suavidade que seus olhos não percebiam.


Na fase aguda do desgosto, perdeu a mãe. Apesar de estar muito doente, já à beira da morte, a mulher tinha a voz límpida, forte, perfeita. Era o sinal evidente de sua fibra; e com certeza ela ajudou a filha a reerguer-se. "Se fiquei nove meses na barriga de mamãe, por que não carregá-la em mim por toda a eternidade?", indaga Angela, devidamente emocionada, tomando água mineral.

Serviço: Angela Rô Rô no bar Era Só O Que Faltava (Avenida República Argentina, 1334, telefone 342-0826), hoje, a partir das 22 horas. Ingressos: R$ 5,00. Mesas serão vendidas antecipadas (preços a combinar).


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