As previsões ainda não perderam o fôlego: de acordo com o Gartner Group, o acesso via banda larga deve crescer pelo menos 100 vezes durante os próximos cinco anos. Em 2010, estima o instituto, mais de 65% dos terráqueos com acesso à Internet poderão navegar a partir de conexões velozes.
Parece otimismo demais? No caso dos nossos vizinhos ricos, talvez não seja. Atualmente, 8 milhões de internautas norte-americanos já aposentaram os modems de 56 Kbps e se conectam à Rede via provedores de banda larga.
Na Coréia do Sul, país que é considerado o líder neste setor, mais de 50% dos internautas possuem acesso broadband. No total, são 4 milhões de usuários, que se dividem mais ou menos igualmente entre serviços ADSL e conexões via cabo.
O Brasil, no entanto, está a milhas de distância dos Estados Unidos ou da Coréia no que diz respeito à utilização do acesso veloz. De acordo com uma pesquisa do Yankee Group, 190.000 internautas assinavam serviços de banda larga no país, até o final do ano passado. E o número total de usuários de Internet, segundo o último estudo divulgado pelo Ibope, gira em torno de 10 milhões.
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A baixa adesão dos brasileiros ao acesso em alta velocidade criou uma situação peculiar no mercado nacional. De olho na demanda por serviços que ainda não são acessíveis para todos os bolsos, algumas empresas começam a oferecer sistemas wireless de transmissão de dados em banda larga.
O acesso via rádio para o usuário doméstico, que vinha sendo utilizado em caráter experimental até meados do ano passado, agora virou negócio. Empresas como a PaulistaOne, que lançou recentemente o provedor IP2 na capital paulista, e a LinkExpress, de Brasília, oferecem pacotes mais acessíveis para o cliente residencial. E não escondem o entusiasmo ao falar das perspectivas de crescimento.
Custo x benefício
O preço ainda é a principal arma na batalha por novos usuários
As próprias empresas admitem: o preço do acesso via banda larga - equipamento e mensalidade - ainda é salgado para os padrões brasileiros. Nem todos os internautas, que pagam até 20 reais mensais por um acesso tradicional a 56 Kbps, estão dispostos a multiplicar a despesa para turbinar a navegação.
Um pacote básico do Virtua, por exemplo, sai por 56 reais mensais, incluindo o aluguel do cable modem, além dos 70 reais da instalação. E o usuário ainda precisa pagar a mensalidade de um provedor associado e uma assinatura de TV a cabo.
Ao divulgar seu balanço financeiro de 2000, a Globocabo admitiu que o serviço cresceu menos do que o esperado. Dos 50.000 assinantes previstos até dezembro de 2000, apenas 28.100 aderiram ao Vírtua.
Tomando como referência o mercado atual, a solução mais óbvia para aumentar o índice de utilização destes serviços é a redução do preço. "O valor da mensalidade não é tão determinante para o crescimento do número de usuários, mas o custo do equipamento é crucial", admitiu o diretor da unidade de banda larga da Globocabo, Daniel Klinger, durante uma conferência realizada recentemente em São Paulo.
A outra saída é a utilização de serviços alternativos, como o acesso via rádio. O pacote básico do IP2, por exemplo, sai por 49 reais, mais 90 de instalação - a taxa não é cobrada em condomínios com mais de 9 usuários. E não há a necessidade de contratar outro provedor.
Prova de que o preço ainda é uma das principais preocupações dos internautas é a quantidade de pessoas que buscam informações sobre os novos provedores. De acordo com o diretor de tecnologia do IP2, Borna Cisar, cerca de 400 usuários se inscrevem diariamente no site da empresa.
Metas ousadas
Por enquanto, o provedor só oferece o acesso para moradores de duas dezenas de prédios em São Paulo. Mas a meta para os próximos meses é ousada: o diretor espera conquistar cerca de 15.000 clientes até dezembro.
Para garantir a capilaridade da rede, a empresa se vale de uma tecnologia conhecida como Wireless Local Loop (WLL). O provedor escolhe uma região da cidade, instala uma antena central e diversas estações repetidoras - a quantidade depende da área que se deseja atingir. Em seguida, são instaladas antenas individuais para cada prédio. A partir destes pontos a conexão é distribuída, via cabo, para os moradores.
A LinkExpress, por sua vez, adota o sistema Multichannel Multipoint Distribution Services (MMDS), que também utiliza ondas de rádio - mais especificamente, microondas na faixa de 2,5 a 2,68 GHz - para a transmissão de dados.
O objetivo do provedor, que planeja atuar em Vitória e Belo Horizonte ainda este ano, é concentrar a oferta no segmento de pequenas e médias empresas. "Nosso foco é o mercado corporativo. O acesso residencial à Internet não é uma das nossas prioridades", disse ao TCInet o diretor da LinkExpress, Dilton Caldas Ferreira. Apesar da diretriz, o executivo revela que a maioria dos 3.100 usuários que o provedor possui em Brasília é composta por assinantes residenciais. A meta para dezembro é um pouco maior do que a do concorrente: 18.000 assinantes.
E por falar em concorrência...
O que será que grandes empresas, como Telefônica e Globocabo, estão achando dos novos serviços de Internet via rádio? "Estes provedores serão utilizados como test-drive pelos internautas que desejam conexões mais velozes, mas é preciso levar em conta fatores como a qualidade do serviço e o conteúdo. Acredito que os players mais consolidados vão segurar os usuários", afirmou Daniel Klinger, da Globocabo.
A Telefônica também não parece temer os novos concorrentes. "A entrada de novas empresas neste setor é saudável, pois ajuda a ampliar o conceito de que existem benefícios para os usuários que optam por serviços de banda larga", disse o diretor de clientes especiais residenciais da operadora, Vladimir Barbieri.
O diretor de tecnologia do IP2, Borna Cisar, tem uma visão diferente. Para ele, a presença de grandes empresas neste mercado é um fator positivo. "É óbvio que existe uma forte concorrência. Mas, ao mesmo tempo, as grandes empresas fazem com que a demanda aumente. Não teríamos tantos interessados em nossos serviços caso o mercado estivesse menos amadurecido", disse.
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