O chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni (PSDB), voltou a dizer nesta quarta-feira (19) que o governo do Paraná não dispõe de recursos suficientes para cumprir com o acordo da data-base dos servidores públicos. Durante audiência pública na sede da Celepar, em Curitiba, membros da administração Beto Richa (PSDB) e do Fórum das Entidades Sindicais (FES) apresentaram números divergentes sobre a situação financeira do Estado.
"Não mudou nada e provavelmente não vai mudar nada. Agora, nós não seremos acusados de não sermos transparentes. Queremos o diálogo. Se nós tivermos de fazer reuniões com todos os sindicatos, e temos feito, diariamente, expondo os mesmos números, faremos (...) Então, precisamos permanecer com esse diálogo porque isso pode trazer os esclarecimentos necessários para que os servidores públicos nos ajudem a atravessar essa crise que assola o Brasil", afirmou.
Foram mais de quatro horas de encontro. Os trabalhadores que não conseguiram entrar no auditório se concentraram do lado de fora, em frente a um caminhão de som, de onde gritavam palavras de ordem.
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Questionado se apresentaria nova proposta, o tucano rebateu. "Vou devolver a pergunta. Como fazer dinheiro? Como fabricar dinheiro? Parcelar o que não tem? Você não faz uma prestação nova se não tem como pagar a antiga. Os números são exatos. A receita está aí, a situação nacional está aí, o comparativo com os outros Estados está aí. O que precisamos agora é serenidade, bom senso e restabelecermos a normalidade no Paraná."
Para o secretário, os paranaenses precisam é "agradecer muito ao governador, pelo fato de ele ter feito o ajuste fiscal e sofrido um desgaste político". "Hoje, essa tranquilidade que os servidores públicos têm no Paraná não existe nos outros estados", comentou. Rossoni se referia ao fato de outras unidades da federação não estarem honrando com a folha mensal e o 13°, que aqui estariam em dia.
Nas contas do economista Cid Cordeiro Silva, assessor do FES, porém, há cerca de R$ 2 bilhões a mais de recursos livres em 2016 e 2017, na comparação com os números da Secretaria da Fazenda (Sefa). "Em 2016 existe uma diferença de R$ 500 milhões aproximadamente e, em 2017, de R$ 1,5 bilhão", disse. Segundo ele, apresentação dos números permite mostrar que há sim margem para se chegar ao fim da greve".
A proposta de suspender o reajuste, prevista para janeiro de 2017, motivou o início de uma paralisação geral na última segunda-feira (17). Sete categorias, incluindo a maior delas, dos professores, e a dos policiais civis, já estão de braços cruzados. A expectativa é de que outras realizem assembleias até 25 de outubro, quando acontece um ato unificado, na capital paranaense.
"Não fazemos greve porque gostamos, porque é divertido para os servidores. Fazemos greve porque no ano passado o governador sentou numa mesa no Tribunal de Justiça (TJ) e firmou um compromisso de que não enviaria à Assembleia Legislativa nenhum projeto de lei que retirasse direito dos trabalhadores, mas o fez", afirmou a secretária de finanças da APP-Sindicato, Marlei Fernandes Carvalho, que é também da coordenação do Fórum.