Os agricultores de batata de municípios como Contenda, Araucária, Balsa Nova e Campo Largo (Região Metropolitana de Curitiba) estão tendo que procurar novas técnicas de plantio para evitar a erosão do solo. Em muitas propriedades rurais, as áreas estão completamente degradadas. Alguns produtores já começam a melhorar o sistema de plantação e substituíram as plantações de batata pelo plantio direto (milho e soja).
Os rios da região também ficam prejudicados com a erosão. Parte do solo, já tratado com adubo químico e biológico e com produtos agrotóxicos, acaba chegando a córregos que desaguam em áreas de mananciais. "A erosão traz problemas gravíssimos, como o aniquilamento de córregos e matas ciliares, a degradação do solo e a contaminação da água. O que pode ocasionar um dano irreversível ao meio ambiente", denuncia a ambientalista Lídia Lucaski, diretora da Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária (Amar).
Um dos casos verificados pela reportagem da Folha foi na estrada que liga Araucária a Contenda. A erosão numa propriedade de batata fez com que o asfalto ficasse coberto por uma camada de cinco centímetros de terra, que chegou a atingir o Rio Camendá, que desagua no Rio Iguaçu. Calcula-se que entre 20 e 30 metros cúbicos de terra tenham sido levados para a estrada e para o rio.
Leia mais:
Operação de combate a incêndios do Paraná termina: 2024 já teve o dobro de ocorrências de 2023
Minha Casa Minha Vida autoriza a construção de 1.282 casas para 44 cidades do Paraná
UEM ocupa primeiro lugar no ranking de produção científica feminina no Brasil
Paranaprevidência abre inscrições para concurso público
No processo de erosão, a propriedade pode ter perdas acentuadas do solo. As perdas chegam até 20 toneladas por hectare em propriedades rurais com plantação de batata do tipo "morro abaixo". A técnica é antiga e foi trazida há mais de 40 anos por urcranianos e poloneses. "Eles dizem que se fizerem curvas de nível, o que seria adequado, a água empossa e a batata apodrece. Então eles utilizam a chamada plantação morro abaixo, sem qualquer técnica de conservação de solo", afirma o engenheiro Udo Bublitz, técnico da área de recursos naturais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná (Emater).
Por causa da degradação do solo, a área plantada de batata tem sofrido intensa redução. Em 1990, Araucária contava com 14 mil hectares de terra com plantio de batata. Hoje, este número não chega a 1,2 mil hectares.
A erosão pode demorar de 5 a 10 anos para se transformar numa voçoroca (buraco de grandes extensões na terra provocado por erosão subterrânea e infiltrações d"água). "Para formar a voçoroca, leva um tempo razoavelmente curto. Mas para corrigir o problema, o tempo dispensado é muito maior", destaca Bublitz. Para formar um centímetro de solo adequado, o tempo necessário é de 100 anos. Já para recomper a matéria orgânica do solo, se leva 300 anos.
As condições favoráveis para a formação de erosões são: locais de arenito (encontrados em 107 municípios da Região Noroeste do Paraná) e de terra roxa, com formação geológica chamada de "Guabirotuba". "Na formação Guabirotuba, podemos ter um processo erosivo no prazo de um ano", explicou o geólogo Donizete Giusti, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). De acordo com ele, três fatores são fundamentais para a formação da erosão: desproteção vegetal, tipo de rocha e aumento da quantidade de chuva sobre a terra.