As eleições para reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que ocorrem no final do ano, estão esquentando os bastidores da universidade mais antiga em atividade no País. Não há candidatos assumidos, mas as articulações já começaram. Além do status do título, está em jogo um dos maiores orçamentos do Estado e um conjunto de cargos comissionados de livre nomeação do reitor.
As costuras começam a se intensificar a partir do próximo mês. Por enquanto, os pré-candidatos preferem se manter discretos. O quadro, que ainda está sendo esboçado, indica que haverá uma chapa da situação e outra da oposição. Os candidatos prováveis de oposição ao atual reitor Carlos Roberto Antunes dos Santos (gestão 1998-2002) são o professor de Economia Aldair Rizzi, diretor do Setor de Ciências Sociais Aplicadas e o oftalmologista Carlos Moreira, diretor do Setor de Saúde.
Um possível candidato da situação seria o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Waldemiro Gremski. Os pró-reitores são nomeados pelo reitor. Outro nome apoiado pela situação seria o do professor Luiz Edson Fachin, do curso de Direito. O atual reitor negou que tenha planos de se reeleger. Antunes dos Santos diz que só existem especulações e que não há nada oficial em torno do quadro sucessório.
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A escolha final do novo reitor fica nas mãos do Ministério da Educação. O Conselho Universitário define as regras da sucessão no segundo semestre, por meio de uma consulta a estudantes, servidores e professores. O voto dos professores tem peso de 70%. Os 30% restantes são divididos meio a meio entre estudantes e servidores. A partir da votação, é elaborada uma lista tríplice pelo Conselho. Tradicionalmente, o vencedor acaba escolhendo os outros dois nomes. O Ministério indica o vencedor. Outro nome que está sendo cogitado é o do ex-reitor José Henrique de Faria (1994-98). Faria não fez seu sucessor quando deixou o cargo.
A oposição, apesar de ser heterogênea e reunir diversas tendências, pavimenta a campanha nas críticas à atual administração. Os oposicionistas avaliam que têm chances reais na eleição por conta da insatisfação em vários setores da universidade. A oposição sustenta que a UFPR não avançou o suficiente e está sofrendo um processo de sucateamento. Diversos cursos não têm equipamentos suficientes nos laboratórios. Em tese, apoiariam a chapa oposicionista os setores de Ciências Sociais Aplicadas, Saúde, Agrárias, Humanas, Tecnológicas, além do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e da Escola Técnica. Nos demais setores, principalmente o de Ciências Biológicas, sobressaem tendências de situação.
Nos bastidores, a avaliação corrente é que, se houver mais de duas chapas, o grupo de Antunes dos Santos sairá beneficiado, porque os votos serão diluídos. Outro fator que pesa contra a atual reitoria, na avaliação da oposição, é que o grupo da situação está ligado ao Ministério da Educação. As políticas federais não têm agradado os oposicionistas, que reclamam do desmanche do ensino público.
O orçamento da instituição previsto para este ano é de R$ 270,8 milhões. No entanto, apenas 8% dessa cifra, ou R$ 5 milhões, podem ser destinados à manutenção e investimentos em ensino, pesquisa e extensão. A folha de pagamentos consome 92% do orçamento total. O valor tem se mantido estável, segundo o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças, Fábio Scatolin. "Descontada a inflação, o valor fica levemente menor. Em termos reais, o valor não cresce, enquanto o número de aposentadorias aumenta", explica.