O empresário Guilhobel Aurélio Camargo encaminhou hoje à Assembléia Legislativa do Paraná um pedido de impeachment do governador Roberto Requião (PMDB). Camargo argumenta que o governador feriu a Constituição Federal ao assumir, durante cinco meses, a Secretaria de Segurança Pública.
Em seu artigo 28, a Constituição prevê que ''perderá o mandato o governador que assumir outro cargo ou função na administração pública direta ou indireta'', ressalvada a posse em virtude de concurso. Os cargos de secretário de Estado, porém, são de confiança e não dependem de concurso público.
O Palácio Iguaçu informou apenas que o governador não vai se incomodar com esse ''delírio''. Camargo entende que, mesmo tendo transferido o cargo de secretário no dia 22 de maio a Luiz Fernando Delazari, Requião pode perder o mandato, iniciado no dia 1º de janeiro. ''Ele não poderia ter respondido pela secretaria, acumulando o governo e a pasta'', disse o empresário. Camargo anexou ao pedido de impeachment notícias extraídas do site oficial do governo do Paraná, onde Requião aparece como governador e secretário.
A base aliada ao governador ficou indignada com a atitude do empresário. ''Tem que jogar isso na lata do lixo. Aqui não é circo para fazer palhaçada. O Requião foi eleito pelo povo para governar, e é isso que ele faz'', disparou o primeiro-secretário da Casa, Nereu Moura (PMDB).
O presidente da Assembléia, deputado Hermas Brandão (PSDB) disse à Folha que recebeu o pedido com surpresa. ''O documento ainda não foi entregue a mim oficialmente, mas vou encaminhar para a procuradoria da Assembléia e esperar um parecer. Precisamos ter um embasamento legal'', afirmou.