Começa na próxima quinta-feira (27), em Foz do Iguaçu a exposição fotográfica "Outros Olhares". A mostra reúne as expressões produzidas por oito deficientes visuais que participaram da Oficina de Fotografia para Cegos ministrada pela fotojornalista Áurea Cunha.
A mostra "Outros Olhares" resultou da proposta de retratar e expor um cotidiano de imagens percebidas de uma maneira não convencional por aqueles que enxergam, além de possibilitar que os que não vêem se expressassem.
Os trabalhos poderão ser visitados até o dia 10 de agosto. O evento traz ainda mais três atividades que convidam à discussão sobre a necessidade de inclusão dos portadores de deficiência na sociedade.
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O diálogo sobre a condição dos cegos na sociedade terá como palestrante José Simão Stczaukoski, deficiente visual - coordenador do Programa de Apoio à Pessoa com Deficiência, da Secretaria do Trabalho, Emprego e Promoção Social do Paraná.
Uma oficina de iniciação à cerâmica, coordenada pela artista plástica Maria Cheung, e outra sobre a história da arte – com Valquíria Prates, pesquisadora de educação visual e gerente de projetos da Secretaria da Pessoa com Deficiência, da Prefeitura de São Paulo – buscam promover a aproximação de cegos e educadores com os recursos que a subjetividade da arte pode oferecer para a construção da cidadania.
A necessidade de ultrapassar a barreira do convencional fez com que Elizabete Barreto, Guilherme da Silva, Ivonete Farias, Joaquim Cordeiro, Patrícia Céspedes, Roseli Evangelista, Salete Tomaz e Marcio Cichorski procurassem superar a falta de visão física e aquela provocada pelo preconceito.
Como sugere o fotógrafo esloveno Evgen Bavcar – cego desde os 12 anos - através da fotografia é possível construir e exteriorizar imagens interiores. Esta concepção motivou o grupo a se expressar. A obra de Bavcar convida à discussão sobre a manifestação de um outro olhar, mais diversificado, desafiando a cultura baseada na supremacia da visão.
Trabalho pronto, a idéia agora é propor a reflexão sobre o olhar, sobre as condições dos cegos e sobre a necessidade de inclusão destas pessoas no cotidiano. "Limites, todos nós temos", observa a idealizadora do projeto "Outros Olhares, Novos Diálogos".
Um meio de expressão - A fotografia, como tantos outros meios de expressão, possibilita a comunicação, a construção de identidades, o resgate de memórias. No projeto "Outros Olhares, Novos Diálogos", ela tem o papel de facilitar o contato entre histórias de vida, atuando como um código de aproximação entre videntes e não videntes.
Durante a oficina comandada por Áurea Cunha, os alunos receberam noções de arte, fotografia, comunicação, mídia, cidadania e auto-expressão. Desta experiência coletiva, brotaram fotos, auto-afirmação e um canal de comunicação alternativo através da exposição.
Elizabete Barreto lembra que "antes já tinha tentado tirar foto, mas cortava a cabeça das pessoas. Agora não, já estou dominando a câmera". Além da técnica, a superação também marca a experiência do grupo. "Quando eu pego a câmera, me emociono, sinto um desafio, fazendo algo que achava impossível", comenta Guilherme da Silva. "Fotografia é luz escrita", reforça Salete Tomaz.
Calendário de Atividades "Outros Olhares, Novos Diálogos"
Exposição fotográfica "Outros Olhares"
Data: 27 de julho
Hora: 20h
Local: Sala Antonio Cabral de Mendonça - Fundação Cultural
Palestra "Diálogos da Diversidade" – por José Simão Stczaukoski
Data: 28 de julho
Hora: 19h
Local: Teatro Elias Hauagge – UDC
Oficina "Introdução à Cerâmica" – Maria Cheung
Data: 4 de agosto
Hora: 13h30
Local: Coart