O governador Roberto Requião (PMDB) não quis receber funcionários de bingos, que, nesta terça-feira, fizeram protesto em frente ao Palácio Iguaçu pedindo a reabertura das casas, e reafirmou que vai acabar com o jogo no Estado.
A tarefa ficou para uma comissão designada pelo governador. ''Daqui a pouco vai ter passeata de maconheiros e traficantes de cocaína'', declarou pela manhã, depois de reunião com uma comissão de trabalhadores rurais sem-terra.
Em tom de ironia, Requião chegou ainda a apresentar uma proposta para que os 4 mil funcionários de bingos não percam o emprego: que os proprietários das casas no Paraná transformem os locais em templos religiosos, bailões da terceira idade e rodízios de pizza. ''Isso eu apóio. Bingo não porque é coisa do capeta'', declarou.
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A comissão de funcionários acabou sendo recebida por volta das 16 horas pelo diretor-geral da Casa Civil, Rogério Carbone; pelo procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda; pelo ouvidor-corregedor-geral do Estado, Luiz Carlos Delázari; e pelo assessor especial do governador, Mário Lobo.
Os funcionários entregaram uma carta pedindo atenção do governo para o número de pessoas que ficarão desempregadas caso os bingos permaneçam fechados.
A imprensa não pôde acompanhar a conversa, mas de acordo com a assessoria de comunicação do Palácio foi exposto aos funcionários que o governo está apenas cumprindo uma lei federal, que estabeleceu prazo até 31 de dezembro de 2001 para o fechamento dos bingos.
O governo entende ainda que as casas foram formalmente notificadas do decreto assinado pelo governador pondo fim ao funcionamento.
''A publicação no Diário Oficial já é uma notificação. Após isso, a situação está sacramentada. Mesmo assim enviamos cartas comunicando o que estava ocorrendo'', disse o diretor-presidente do Serviço de Loterias do Paraná (Serlopar), João Tadeu Serpa Nunes, que também estava na audiência.
No Paraná, as casas puderam continuar suas atividades, depois de 2001, com amparo da Resolução 27, baixada em agosto do ano passado.
Outras três resoluções do governo Jaime Lerner (PFL) permitiam a exploração das máquinas de videoloteria. Os atos do governo anterior foram anulados por dois decretos assinados na semana passada por Requião.
Cerca de 500 funcionários de bingos de Curitiba e do Interior participaram nesta terça-feira da passeata que saiu do Bairro Bigorrilho e passou pelas ruas centrais da Capital até chegar ao Palácio Iguaçu.
Eles exibiam faixas com críticas à decisão do governo e apelos para manter os empregos. ''Bingo é crime? Então prendam o governo porque ele explora o jogo no Brasil'', eram os dizeres de uma das faixas.
O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Bingos e Casas de Videoloteria do Estado questiona a manutenção, pelo próprio governo, de outros jogos como as loterias.
O assessor sindical Cláudio de Tarso Koppe lembrou que Santa Catarina tem legislação regulamentando a atividade dos bingos e destinando parte da renda para o desporto e assistência social.
Parte dos recursos arrecadados pelas máquinas de videoloteria R$ 1,6 milhão ao mês também era destinada a atividades de cunho social, pois eram repassados pelo Serlopar, que é um órgão vinculado ao governo, para a antiga Secretaria de Estado da Criança.
Além disso, os bingos pagavam taxas mensais ao Serlopar, que eram cobradas de acordo com o número de cadeiras. Segundo o diretor administrativo-financeiro do Serlopar, Rui Sérgio Avelleda, o montante arrecadado era de cerca de R$ 250 mil ao mês.