A Justiça Militar irá realizar uma inspeção no local onde estão armazenadas as jaquetas coreanas compradas da empresa Power Brands em 1999 e apreendidas por solicitação do Ministério Público. De acordo com a denúncia, o coronel Luiz Fernando de Lara, ex-comandante da Polícia Militar do Paraná, emprestou dinheiro da corporação por conta própria para o diretor da empresa Power Brands, George Pantazis.
O empréstimo, no valor de R$ 350 mil, teria sido realizado no dia 19 de abril de 1999. No entanto, os integrantes do Conselho Econômico da PM só teriam tido conhecimento do valor emprestado no dia 12 de julho do mesmo ano. O coronel Lara afirma que não houve empréstimo e sim um adiantamento para uma transação normal de compra direta de jaquetas.
O primeiro lote das jaquetas supostamente compradas da Power Brands chegou no Porto de Paranaguá no final de 1999. As jaquetas estão armazenadas num depósito em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba.
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Nesta terça-feira, foram ouvidos as duas últimas testemunhas convocadas pela acusação: os coronéis Justino Sampaio Filho e Rene Roberto Witek. O coronel Justino Sampaio, que exerceu o cargo de comandante do Policiamento da Capital e atualmente é diretor de Finanças da PM, deu o depoimento mais polêmico e conturbado. Ele chegou a discutir com o advogado criminalista Ronaldo Botelho, que defende Lara.
Sampaio disse que fazia parte do Conselho Econômico desde outubro de 1998. Neste ano foi aprovado um plano de aquisição e distribuição de uniformes para 1999. No plano de aquisição, estava prevista a compra de 5 mil jaquetas. Quatro mil foram compradas em janeiro através da intermediação da Associação da Vila Militar (AVM). Mil jaquetas teriam ficado para ser compradas posteriormente. "Não falamos mais sobre a compra destas jaquetas. Apenas voltamos a falar sobre isto numa reunião de julho e outra de agosto. Foi aí que tivemos conhecimento do empréstimo e da compra que seria feita sem nosso consentimento", afirmou ele.
Na reunião de agosto, os membros do conselho teriam discutido o assunto e decidido por cinco votos contra um comprar jaquetas através de processo licitatório. E por quatro votos a três decidiram que a compra seria imediata, no mês de setembro. "Mas esta reunião nunca foi reconhecida, nem teve a ata publicada. Fomos impedidos de ver a ata e começamos a ficar preocupados", relatou ele.
Justino Sampaio reforçou a tese de que nunca tenha havido compra de jaquetas ou contrato para a compra com a Power Brands. "Não houve efetivamente compra dessas jaquetas. Nem contrato. Para se ter compra ou contrato, precisaria da concordância dos membros do conselho. O que não aconteceu", reforçou o coronel.
O coronel Rene Roberto Witek, comandante do Corpo de Bombeiros, disse que em outubro foi feito um termo aditivo no Conselho Econômico autorizando a compra de 4 mil jaquetas da empresa Power Brands com o dinheiro do adiantamento. As outras jaquetas necessárias, cerca de 13 mil, seriam compradas mediante tomada de preços ou processo licitatório.