Parlamentares da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa reuniram-se nesta terça-feira com representantes de organizações não-governamentais ligadas à ecologia. Pela primeira vez, as entidades foram chamadas para prestar esclarecimentos sobre as doações recebidas e os investimentos feitos em áreas de preservação ao meio ambiente.
Estavam com os deputados os representantes da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e da Sociedade de Pesquisa à Vida Selvagem (SPVS) pode ter marcado o início dos trabalhos em conjunto entre parlamentares e Organizações Não-Governamentais (ONGs).
Foram apresentados os resultados das auditorias feitas pelo Ministério Público nas duas entidades. O relatório da Fundação O Boticário demonstra um saldo total em 1998 de R$ 823,3 mil. As doações recebidas somaram R$ 1,5 milhão e os investimentos em projetos chegaram a R$ 264,6 mil. A Fundação também tem gastos com o pagamento de salários (R$ 77,8 mil), impostos (R$ 2,3 mil) e despesas bancárias (R$ 80 mil).
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O balanço foi explicado detalhadamente pelo diretor técnico da Fundação O Boticário, Miguel Milano. "Os recursos são controlados pelo Banco Central e fiscalizados pelo Ministério Público. Temos um trabalho transparente", defendeu ele. Nos dez anos de atividades da fundação foram investidos em 707 projetos, num montante de recursos que somam R$ 8 milhões. Deste total, 20% dos investimentos foram feitos no Paraná.
Um dos mais significativos foi a compra da área de 2,5 mil hectares do Salto Morato. "É uma reserva modelo. Gostaríamos de ter uma reserva modelo em cada região do Brasil. Mas este é ainda um sonho distante. Precisamos de recursos para preservação da área", destacou Milano. Questionado se na reserva serão feitos estudos científicos sobre cosméticos ou perfumes, Milano foi enfático. "Não temos qualquer vontade de fazer pesquisa científica em área de preservação ambiental. São coisas distintas. Não irá ocorrer", salientou.
A SPVS foi questionada pela compra de um terreno de 7 mil hectares em Guaraqueçaba, numa área de preservação ambiental. "É uma área de preservação, mas que estava sendo depredada", afirmou Clóvis Borges, diretor executivo da ONG. A entidade teve as contas auditadas pelo Ministério Público, que não encontrou qualquer indício de irregularidade. "Sabemos que as entidades estão sob suspeita porque recebem doações. Mas achamos salutar esclarecermos. É uma oportunidade de mostrar para as pessoas aquilo que fazemos", relatou.
O deputado Neivo Beraldin (PSDB), presidente da Comissão de Meio Ambiente, deverá realizar uma visita nas áreas adquiridas em Guaraqueçaba para verificar os investimentos realizados acompanhado pelos demais parlamentares da comissão. "A princípio podem estar havendo desvio de recursos e vamos conferir isto in loco", afirmou. A viagem está marcada para este fim de semana.
Beraldin questionou ainda o fato de os ambientalistas investirem em conservação de áreas de proteção ambiental. "Por que não aplicar estes recursos em esgoto, saneamento básico, água tratada? Deveria haver mais preocupação destas ONGs com a questão social", enfatizou.
Leia mais em reportagem de Luciana Pombo, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta quarta-feira