A falta de fiscalização, a abertura da Estrada do Colono e, em breve, a entrada em funcionamento de uma nova estrutura de atendimento ao turismo colocam em risco a preservação do Parque Nacional do Iguaçu. Maior área de proteção de remanescentes de regiões subtropicais do País, a situação do parque está merecendo atenção especial dos ambientalistas no II Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, que acontece no Mato Grosso.
Para o engenheiro agrônomo e técnico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Sérgio Brant, uma das funções do Congresso é discutir o uso público dessas unidades. No caso do Parque Iguaçu, de acordo com ele, ""muita coisa está sendo feita em desacordo com o que prevêem os dois planos de manejo do parque"".
O primeiro plano, feito em 1979, foi revisado no ano passado. Entre os problemas, ele cita as obras realizadas pela empresa que ganhou a licitação para explorar os serviços turísticos na área e a deficiência na fiscalização. Isso pode ser comprovado com a morte de todas as 20 onças pintadas que estavam sendo monitoradas dentro do Projeto de Estudos e Conservação de Onças no parque, em andamento há dez anos.
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Com 175 mil hectares, situado no extremo sudoeste do Paraná, o Parque Nacional do Iguaçu é uma das únicas áreas de proteção expressiva no Estado, ao lado da região de Guaraqueçaba no Litoral paranaense. Declarado Patrimônio Natural da Humanidade durante reunião da Unesco em 1986, no ano passado o parque entrou na lista dos Patrimônios Mundiais em Perigo, em função da reabertura da Estrada do Colono. Trata-se de uma via de 17,6 quilômetros, que corta a estrada unindo a cidade de Sertanópolis até o Rio Iguaçu, onde com uma balsa chega-se até o município de Capanema.
Apesar do fechamento da estrada ter sido definido por ordem judicial desde 1987, a via foi reaberta por um grupo de moradores da região em 1997, estando em funcionamento até hoje. ""Essa situação é um absurdo. Caracteriza uma desobediência a uma determinação legal, e nada acontece"", diz Brant.
Ele alerta que a estrada coloca em risco o equilíbrio ecológico do local, uma vez que ela impede a migração das espécies de um lado ao outro do parque, dificultando a reposição dos animais. Brant lembra, ainda, que a cidade de Foz do Iguaçu, inclusive, perdeu a oportunidade de sediar o congresso que está sendo realizado em Campo Grande, justamente em função dessa situação.