Dentro de um ano, a Pastoral da Criança deve começar a apresentar os primeiros resultados em Timor Leste. A previsão é da coordenadora da Pastoral, Zilda Arns. Segundo ela, o primeiro passo agora é o estudo da comunidades e paróquias interessadas em adotar o programa.
"Como a Pastoral depende muito do voluntariado, vamos esperar que as pessoas demonstrem interesse em trabalhar", analisou. Zilda participou na semana passada da comitiva de ajuda oficial do presidente Fernando Henrique Cardoso ao país asiático, que é um dos mais pobres do mundo.
O ministro da Saúde e da Educação de Timor Leste, padre Jacob Filomeno, vem ao Brasil em fevereiro para conhecer mais detalhes da Pastoral da Criança. Uma pessoa deve ser indicada pelo ministro para trabalhar em tempo integral no programa. Três freiras e uma missionária brasileiras estão divulgando a Pastoral no país. Dois integrantes da Pastoral também devem fazer parte de uma missão especial do Ministério da Saúde brasileiro que vai a Timor, dentro de três meses, para a implantação de programas.
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"O trabalho em Timor deve ser mais fácil do que em Guiné Bissau e Angola, países africanos onde a Pastoral funciona. Por enquanto não há guerras internas e o número de pessoas a serem atendidas também é menor" avaliou a coordenadora.
A população de Timor é de 800 mil habitantes, metade do número de crianças atendidas pela Pastoral no Brasil (que é de mais de 1,5 milhão). O país não tem estimativas da população menor de seis anos de idade. Para reduzir a mortalidade infantil, a comitiva brasileira já deixou em Timor 100 quilos de material educativo, balanças e soro caseiro.
Os maiores problemas da infância em Timor, segundo Zilda, são desnutrição, malária, tuberculose e diarréia. Ela contou que o povo é frágil, mas esperançoso e inteligente. "A prevenção pode ajudar bastante, é muito mais barato e mais humano", afirmou a coordenadora. A ONU gasta na defesa de Timor no mínimo 20 milhões de dólares por mês, segundo Zilda. "É uma pena que se tenha que gastar tanto na defesa e não poder usar essa verba na reconstrução do país", lamentou.
Com 17 anos de existência, a Pastoral da Criança está presente em três países da África e sete da América Latina. Nas áreas atendidas, a mortalidade infantil caiu para quase um terço. Enquanto no Brasil a mortalidade foi de 34,6 mortes no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos, segundo dados da Unicef de 1999, nas áreas atendidas pela Pastoral esses números estão entre 12 e 17 mortes por mil nascidos vivos. No Brasil, são 152 mil voluntários atuando em 3,2 mil municípios. Por tudo isso, a Pastoral da criança foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz em 2001.
Leia mais em reportagem de Ellen Taborda, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta terça-feira