A rede sismográfica da usina de Itaipu, instalada em torno do reservatório, identificou variações provocadas pelo tremor de 6,7 graus de magnitude que atingiu o norte da Argentina, às 2h07 (horário de Brasília) desta segunda-feira (28).
O epicentro do terremoto ocorreu a 588 km de profundidade na província de Santiago Del Estero, a cerca de 1.100 km de Foz do Iguaçu, e foi registrado USGS, sigla para o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
O terremoto liberou energia equivalente a 168.300 toneladas de TNT, ou o mesmo que oito bombas de Hiroshima, mas não há registro de danos. Segundo o Painel Global de Monitoramento da Terra em Tempo Real, apesar da intensidade do abalo, a profundidade favoreceu a dissipação da energia antes da chegada à superfície.
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"É um tipo de tremor sem risco, porque é muito profundo", explicou o engenheiro civil Cláudio Porchetto, gerente da Divisão de Engenharia Civil e Arquitetura de Itaipu.
No gráfico
As ondas propagadas pelo terremoto foram registradas em estações sismológicas de Itaipu por volta das 2h09, pouco após o epicentro na Argentina. "Aqui, medimos a aceleração porque a intensidade do tremor só pode ser mensurada no ponto de origem do terremoto", disse o engenheiro.
Apesar de a propagação ter sido identificada pelos sismógrafos de Itaipu, os demais instrumentos que monitoram a estrutura da barragem – como os pêndulos capazes de identificar variações inferiores a um milímetro – não registraram nenhuma alteração.
No caso de Itaipu, a usina está localizada em uma zona de baixíssimo risco e a barragem foi dimensionada para suportar sismos. Segundo Cláudio Porchetto, a rede da binacional também não tem como mensurar se a propagação foi sentida em outras cidades como Cascavel, no Oeste do Paraná, onde houve relatos da população de um tremor no mesmo horário. "Isso depende de sismógrafos locais", concluiu.
Estrutura
Itaipu dispõe de sete estações de sismologia, integrados em rede. Três estão do lado brasileiro e três do lado paraguaio do reservatório. As estações dispõem de um sismógrafo, altamente sensível, que mede o efeito dos tremores, e de um radiotransmissor, que envia as informações para uma central. A sétima estação, instalada no topo da barragem, conta com um acelerômetro, que mede o efeito de possíveis tremores.
O sistema, modernizado recentemente, foi criado em 1978 com o objetivo de verificar os efeitos da formação do reservatório. Hoje, os dados coletados pela binacional são usados para acompanhamento e estudos como os desenvolvidos pelo Observatório Sismológico da Univerdade de Brasília.