Agentes penitenciários das 23 unidades prisionais do Paraná devem paralisar as atividades em breve, conforme deliberação de assembleia realizada na sexta-feira passada em quatro cidades, incluindo Londrina. Na tarde desta terça-feira (10), os agentes realizam reunião para definir a data e forma da greve, que por ser em atividade especial, precisa obedecer algumas regras.
"Temos de manter as unidades em segurança, de acordo com o que determina a lei", afirmou o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná (Sindarspen), Clayton Agostinho Auwerter.
A ideia é manter apenas os serviços essenciais, como a vigilância dos presos, escolta para cumprimento de ordens judiciais e emergências médicas e entrega de alimentação. "Mas não vamos ter agentes suficientes para garantir aos presos a assistência judiciaria, social, psicológica, pedagógica ou banho de sol", explicou. A data do início da paralisação deve ser definida na tarde de hoje.
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Motivos
O estopim para a greve, disse o presidente do sindicato, foi a morte de um agente penitenciário em Londrina – Walter Giovani de Brito, 26 anos – e o tratamento dispensado a este caso pela Secretaria de Segurança Pública (SESP).
Os agentes chegaram até fazer uma paralisação em razão da morte dele, alegando falta de segurança para os profissionais (que não podem portar armas) e que o crime teria sido motivado por vingança. Mas a SESP atribuiu o homicídio a uma briga de trânsito. Walter estaria dirigindo alcoolizado e quase teria causado um acidente, segundo apurou até agora inquérito policial e uma reconstituição simulada dos fatos.
O motociclista Juliano Jadson Lima dos Santos, 21 anos, que teria sido "fechado" em um cruzamento, ao "tirar satisfação" com o motorista, teria sido baleado por outro agente, Levindo Custódio Júnior, 34, que também estava no carro e chegou a ser preso por porte ilegal de arma. Ele foi indiciado também por tentativa de homicídio. Juliano, na defensiva, teria atirado contra o carro, matando Walter e atingindo Bruno Mazzini da Silva, 26, que estava no banco traseiro.
"Nos últimos quatro anos, três agentes foram executados em Londrina e o secretário prefere tratar o caso como uma "bronca de cachaça", insinuando que todo os agentes são "botequeiros" e "cachaceiros", lamentou-se. "Ao invés do secretário reconhecer nosso trabalho, nosso valor, denigre nossa imagem. O estopim para esta greve é isso e exigimos uma retração do secretário".
Outras reivindicações
Os agentes também querem mudanças na escala de trabalho, que hoje é de 12 horas de plantão e 36 de descanso. A proposta é 24 horas de trabalho e 72 de descanso. Também pleiteiam autorização para o porte de arma fora do trabalho, aposentadoria especial, após 25 anos de trabalho, liberação para permutas e transferências de agentes entre unidades, e reajuste da gratificação de R$ 1,5 mil, que está congelada desde 2005, segundo o Sindarspen. O salário de um agente é de R$ 900, aproximadamente.