O governador Roberto Requião (PMDB) abriu guerra contra o presidente do Sindicato Nacional de Produtores Rurais (Sinapro), Narciso Rocha Clara. Em entrevista à rádio CBN, nesta quarta pela manhã, Requião disse que o sindicalista tem vários mandados de prisão por estelionato e que não vai ''aceitar que marginais vindos de fora provoquem mortes no Paraná''. O sindicato tem sede em São Paulo.
O ataque do governador veio em resposta às declarações de Rocha Clara, que chamou Requião de ''comparsa do MST'' (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). O sindicalista anunciou uma mobilização de ruralistas para esta quinta, em Curitiba, em protesto ao não cumprimento dos mandados judiciais de reintegração de posse das fazendas ocupadas pelos sem-terra no Paraná.
No início da noite desta quarta, o secretário de Estado da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, comunicou que o delegado do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Luiz Carlos de Oliveira, estaria providenciando o pedido de prisão preventiva de Rocha Clara. Delazari negou que a medida é uma represália às declarações do sindicalista contra o governador, mas que tem o objetivo de ''garantir a ordem pública''.
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O secretário disse que levantou a ficha criminal de Rocha Clara e constatou que ele não poderia se ausentar da Comarca de Carapicuíba (interior de São Paulo), onde foi preso, no último dia 3 de junho, por furto, falsa identidade e falsidade ideológica. Ele foi solto mediante pagamento de fiança seis dias depois. Delazari disse que comunicou o Juízo de Carapicuíba que Rocha Clara estaria pretendendo vir para Curitiba. Além disso, ele já responderia a outros sete inquéritos.
Delazari destacou que uma manifestação num momento em que o governo tenta iniciar uma negociação com os trabalhadores rurais sem-terra seria inoportuna. ''Só vai conturbar o processo de negociação'', declarou.
Rocha Clara negou todas as acusações. Disse que não tem nenhum mandado de prisão expedido contra ele. ''Fora da lei é ele (Requião) que não respeita ordem judicial. Não sou procurado, nem devo nada à Justiça'', rebateu.
O sindicalista confirmou que foi preso num fórum em São Paulo, porque usou uma tomada da sala de uma juíza para ligar seu celular. Rocha Clara prometeu mover processo contra o Requião por injúria, calúnia e difamação. Ele não deu certeza se participaria, hoje, do manifesto em frente ao Palácio Iguaçu.