O município de Turvo, localizado na região centro-sul do Paraná, ostenta um dos maiores coeficientes de mortalidade infantil do Estado. De acordo a Secretaria Estadual da Saúde, em 2000, a relação foi de 46,8 óbitos de crianças com até um ano de idade para mil nascidos vivo, enquanto que o índice na 15ª Regional de Saúde de Guarapuava foi de 27,9 e o paranaense ficou em 19,4 mortes. Pelo levantamento parcial da situação do Estado, segundo revelaram fontes da Secretaria da Saúde na última quarta-feira, houve redução de taxa de óbitos: o Paraná registrou 16,7 óbitos e a Regional de Guarapuava 24,5 mortes. A parcial de Turvo ainda não está disponível, mas deve superar o coeficiente de 40 mortes, pela estimativa de Evandro de Borba, do Serviço de Segurança Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde.
De certo mesmo para este ano, é a ajuda que o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), por meio do programa ‘Criança Esperança’, vai repassar à Pastoral da Criança no município. Os recursos, cerca de R$ 25 mil, serão destinados a ações para reduzir o coeficiente de mortalidade infantil.
De acordo com a irmã Rosângela Sturba, coordenadora paroquial da Pastoral, ainda não está definida a forma como será utilizado o dinheiro e quando estará disponível. Mas o que se sabe é que Turvo, pelos números que ostenta, é o único município paranaense a contar com recursos do organismo para aplicar na redução da mortalidade infantil. ‘O ‘Criança Esperança’ escolhe um município por Estado para repassar os recursos’, informa a coordenadora paroquial.
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Desenvolvendo atividades em 40 comunidades do interior do município, que, incluindo as ações na cidade, envolvem 120 pessoas da Pastoral, a entidade assiste 500 crianças de zero a seis anos de idade. De acordo com a irmã Rosângela Sturba é difícil determinar a causa principal do alto índice de mortalidade infantil no município. Ela acredita que, ao lado da pobreza, a falta de instrução escolar e de orientação sanitária contribuem para agravar a situação.
‘Há muitos casos de verminose no município, inclusive com mortes de crianças já grandinhas, o que demonstra que as pessoas não se cuidam. Isso também ocorre porque não há saneamento nas localidades onde moram, mesmo na área urbana’, diz a irmã. Para Evandro de Borba, as causas principais são má-formação fetal e a prematuridade dos bebês.
Irmã Rosângela justifica que a distribuição de alimentos pela Pastoral é feita apenas para as pessoas da área urbana devido à distância das comunidades rurais e pela dificuldade de acesso por causa das estradas de terra.
Segundo a coordenadora, as ações desenvolvidas são mais de orientação sobre noções de higiene, cuidado que deve ser dispensado às crianças de colo e, principalmente, amamentação. ‘Enfim, trabalhamos muito o aspecto da prevenção, sem esquecer da formação espiritual. Mas ninguém é obrigado a aceitar as nossas orientações, nem participar de reuniões e levar os filhos para serem pesados. Respeitamos a vontade de cada um. Porém, constatamos que as mães mais carentes são as que menos se interessam pelo programa’, lamenta a irmã, que está em Turvo há seis meses. Ela veio de Roma onde se formou em Serviço Social.