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Após oito anos

Homem que tentou atear fogo na ex-companheira vai a júri em Londrina

Redação Bonde com Néias - Observatório de Feminicídios de Londrina
21 fev 2024 às 17:21
- Sora Shimazaki/Pexels
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Será julgado nesta quinta-feira (22), pelo Tribunal do Júri de Londrina, Roge de Souza Silva, acusado pelo feminicídio tentado e outras agressões contra sua ex-companheira Josiane. A sequência de crimes teria ocorrido entre janeiro de 2016 e junho de 2017. Ele foi denunciado por tentativa de feminicídio por motivo fútil e na presença dos filhos; furto qualificado, ameaças e vias de fato; tentativa de violação de domicílio e descumprimento de MPU (Medidas Protetivas de Urgência).

Segundo o Néias - Observatório de Feminicídios de Londrina, as agressões contra Josiane foram registradas na Delegacia da Mulher. Muito embora tenham sido emitidas MPUs, essas determinações não foram suficientes para protegê-la do ex-companheiro.

O julgamento, a partir das 9h, pode ser acompanhado presencialmente no Tribunal de Júri de Londrina ou virtualmente pelo canal de youtube.


Entenda o caso

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Roge e Josiane tiveram um relacionamento longo, de mais de dez anos, mas estavam separados durante as agressões denunciadas pelo Ministério Público. Ele tem histórico criminal e atualmente cumpre pena de 26 anos por latrocínio. Antes disso, permaneceu preso por outro crime durante dez meses e ao sair da cadeia procurou insistentemente Josiane na sua casa, no local de trabalho e pelo telefone, perturbando-a e pedindo reconciliação.

A tentativa de feminicídio ocorreu numa dessas investidas, quando o réu entrou na residência e a agrediu física e verbalmente. Na ocasião, ele chegou a jogar gasolina no interior do imóvel, mas fracassou na hora de tentar atear fogo. Estavam no local os filhos dos dois, de 2 e 5 anos, além da filha de 14 anos de Josiane.

O fato teria ocorrido após ele agredir física e verbalmente Josiane durante a madrugada, além de ameaçá-la de morte, motivado pela não aceitação do fim do relacionamento. Posteriormente, o réu invadiu a residência e subtraiu documentos pessoais, o celular e dinheiro da ex-companheira.

Além disso, ameaçou repetidamente Joseane na sua residência, no local de trabalho e pelo telefone; provocando, inclusive, sua demissão.

Néias chama atenção para a repetição dos episódios de violência, inclusive com descumprimento de MPU e registro em vários boletins de ocorrência, evidenciando um longo histórico de agressões em um relacionamento permeado por desigualdade e violência doméstica.
 
Embora Josiane não tenha sofrido lesões físicas que a incapacitassem, esteve por um longo período submetida a ameaças e agressões que ultrapassaram o espaço doméstico, ocasionando dificuldades financeiras diante da perda de sua casa e de um emprego estável.

Oito anos se passaram após a denúncia de tentativa de feminicídio até seu julgamento, período longo demais para quem espera por justiça, como observamos em outros julgamentos acompanhados por Néias. O caso de Josiane se enrolou na burocracia processual. Além disso, ela teve dificuldade de comparecer às audiências, mesmo virtuais, em horário de trabalho, por medo de perder o emprego.

Néias espera que a Justiça ofereça uma resposta eficaz a Josiane, garantindo-lhe a segurança e a tranquilidade necessárias para retomar sua vida sem o medo constante. 

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