O líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), repudiou nesta sexta-feira (18), em Plenário, a hipótese de acordo entre governo e oposição para evitar as convocações de governadores pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga o contraventor Carlinhos Cachoeira.
A CPI aprovou na quinta-feira (17) a convocação de 51 pessoas, além da quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico de 36 pessoas físicas e jurídicas. Mas os governadores Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF) ficaram de fora da lista.
O senador negou que o PSDB tenha feito qualquer tipo de acordo com outros partidos para impedir a convocação do governador goiano. Ele disse ainda que a própria legenda apresentou na CPI requerimento convocando Perillo.
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"Fala-se em acordo na CPI. Mas que acordo? O PSDB não faz acordo. Não é o PSDB que está impedindo que Perillo vá à CPI", afirmou.
Para o líder do PSDB, há um temor em torno do depoimento do governador de Goiás.
"Temem o que ele possa dizer. Ele será questionado sobre denúncias que o colocam nesse esquema Cachoeira. As denúncias conhecidas, publicadas, mas o que não foi publicado e ele pode dizer?", alertou Alvaro Dias.
Para o senador, também se tornou ainda mais imprescindível a convocação de Sérgio Cabral após a divulgação de mensagem de celular enviada pelo deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) ao governador do Rio durante reunião da CPI. Na mensagem divulgada pelo SBT, o deputado teria escrito: "A relação com o PMDB vai azedar na CPI. Mas não se preocupe, você é nosso e nós somos teu".
"Por que estaria o governador do Rio necessitando desta colaboração? Por que "você é nosso e nós somos teu"?", questionou o senador, que defendeu ainda a quebra de sigilo da matriz da Delta Construções e a convocação do ex-dirigente da empresa, Fernando Cavendish.
Transparência
Em aparte, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse não creditar na CPI por haver envolvimento profundo de todos os partidos no esquema de corrupção.
"Ela dificilmente irá a algum lugar que não seja a desmoralização do Congresso Nacional", disse.
Mas o senador Alvaro Dias ressaltou que a comissão presta uma contribuição importante ao manter o escândalo em evidência.
"Nossa missão, da qual não vamos abrir mão, é lutar até o fim para que a CPI cumpra seu papel de investigar e denunciar", disse.
Liberdade de imprensa
Alvaro Dias também comentou tentativa na CPI de convocação e de quebra de sigilo telefônico do jornalista Policarpo Junior, da revista Veja. O senador classificou a proposta como "uma afronta à liberdade de imprensa".
"Foi uma afronta, uma afronta que foi repudiada e derrotada na CPI, porque se trata de ferir bens protegidos pela legislação: liberdade de imprensa e fonte da informação", disse.