Mesmo diante das ameaças do DEM de retirar seu apoio formal à candidatura do presidenciável tucano José Serra, o comando nacional da campanha do PSDB permanecia neste sábado, 26, irredutível na indicação do nome senador Álvaro Dias (PR) como candidato à vice-presidência. Coordenador da campanha tucana e presidente nacional do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE) passou parte do dia em negociações com o DEM. A convenção do DEM está marcada para esta quarta-feira, dia 30, quando o partido deverá formalizar o apoio a Serra e, com isso, dar mais três minutos de TV para o tucano ao longo dos 45 dias do programa eleitoral gratuito.
O senador tucano Álvaro Dias (PR) afirmou neste sábado, 26, em Cuiabá, que continua candidato a vice na chapa de José Serra (PSDB). Com relação a rejeição do DEM, ele declarou que a situação "vai se arrumar". "É só uma questão de conversa", afirmou. O senador Jaime Campos (DEM-MT) tem a mesma opinião. Na visão dele, a indicação de Dias não será empecilho para a aliança entre o PSDB e o DEM na corrida presidencial. Dias esteve em Cuiabá para o lançamento da candidatura de Wilson Santos ao governo do Mato Grosso.
Os tucanos tentarão convencer os aliados a aceitar o nome de Dias e, dessa forma, pôr um ponto final na crise deflagrada entre as duas legendas. "Não é a primeira vez que essas diferenças acontecem. Sugerimos o nome de Álvaro Dias. Ponto. O DEM tem a posição dele", afirmou Guerra, que deverá se reunir entre domingo e segunda com os partidos que integram a campanha de Serra. "O DEM reivindica que a vice tem que ser do partido. Vamos deixar o processo andar", disse o deputado Jutahy Magalhães (PSDB-BA).
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Mas, apesar da entrada em campo de "bombeiros" de ambos os lados, o presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), insistia no sábado na indicação de um democrata para ocupar o cargo de vice na chapa de Serra. Um dos argumentos foi o de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "sacrificou" vários aliados nos Estados em prol da candidatura da petista Dilma Rousseff à presidência da República. E citou os casos dos ex-prefeitos Fernando Pimentel (PT-MG) e Lindberg Farias (PT-RJ), que tiveram que abrir mão de suas candidaturas ao governo estadual para o PMDB.
"Mas PSDB não quer sacrificar ninguém", observou Maia. Seu pai, o ex-prefeito Cesar Maia foi na mesma linha. "Nenhum presidente da República eleito depois de 1945 tinha chapa de um só partido. Será agora? O PT sacrifica seus interesses regionais a favor da candidatura nacional. O PSDB faz exatamente o contrário", escreveu Cesar em seu twitter. Ele concluiu a mensagem com ironia: "Foi lançado ontem em São Paulo o livro ‘Estratégias de como Perder uma Eleição’. Editora Labirinto".
Rodrigo Maia ficou particularmente irritado com o anúncio do nome de Dias para o cargo pelo twitter do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), durante o intervalo do jogo de anteontem da seleção brasileira. O vazamento da escolha por um aliado, sem o prévio conhecimento do DEM, foi considerado pelos democratas uma trapalhada muito grande dos tucanos. Ainda mais porque Maia havia enviado um e-mail ao presidente do PSDB perguntando sobre a vaga de vice-presidente e não obteve nenhuma resposta. Com a confusão, Maia acabou ganhando a adesão de todo o partido na defesa da tese de que o DEM tem de ocupar a vice de Serra.
"Rodrigo Maia tem o apoio de 100% da bancada federal. O DEM fala unido pela voz de seu presidente", escreveu em seu twitter o líder do DEM na Câmara, Paulo Bornhausen (SC). "Seria muita falta de respeito o PSDB ter a petulância de não indicar o vice do DEM. Isso é uma afronta ao seu maior apoio", emendou o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) também no twitter. "Se o PSDB não zerar o jogo, tem grandes chances de perder o nosso apoio dia 30 na convenção nacional", ameaçou ontem Caiado.
"Tenho conversado com lideranças dos democratas. Cresce o sentimento para decidirmos pelo fim da aliança com o PSDB na convenção", disse o deputado Efraim Filho (DEM-PB).