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Cabo acusa governo do Paraná de espionagem

Luciana Pombo - Folha do Paraná
24 abr 2001 às 09:05

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Peça-chave no caso dos grampos telefônicos no Palácio Iguaçu, o cabo Luiz Antonio Jordão, 42 anos, disse ter sido afastado em 1999 do Serviço de Inteligência da Casa Militar, no qual trabalhou desde 1995, porque descobriu um esquema interno de escuta clandestina. Em entrevista exclusiva à Folha, concedida no último domingo, Jordão revela detalhes de como a escuta era feita e responsabiliza representantes do primeiro escalão do governo Jaime Lerner (PFL) de acobertarem um esquema interno de espionagem que pode ter tido ramificações nas campanhas eleitorais de adversários políticos do governo do estado.

Acuado, o cabo da PM diz estar sendo ameaçado de morte. Ele afirma que os telefonemas vêm do Palácio Iguaçu. Por esta razão está fora do Paraná. Na última sexta-feira Jordão deveria ter prestado depoimento no 3º Distrito Policial de Curitiba, mas preferiu mandar seu advogado Peter Amaro de Sousa, representá-lo na audiência. Oficialmente o cabo da PM está de férias até o dia 24 de maio. Jordão promete manifestar-se nos próximos dias, seja se apresentando à polícia ou municiando seu advogado com mais denúncias e informações sobre o caso.

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Na entrevista Jordão afirma que fez, com base em denúncias anônimas, uma série de pesquisas sobre grampo desde o governo Haroldo Leon Perez (que foi de março a novembro de 1971) até 1999, quando deixou a função para assumir um posto no Serviço de Transporte Aéreo do Palácio Iguaçu, órgão também vinculado à Casa Militar. "Isso tudo deve estar na Casa Militar. Eu sabia que tinha uma demanda muito grande de grampos e não sabia de onde vinham. E como eu trabalhava no setor da Inteligência era meu dever informar a chefia", declarou. Jordão conta que fez documentos relatando problemas de grampos em diversas secretarias. Ele citou como exemplo a Secretaria de Esporte e Turismo, que na época do grampo era dirigida pelo hoje vereador de Curitiba Ney Leprevost (PPB), e a Secretaria da Criança e Assuntos da Família, esta comandada pela mulher do governador, a primeira-dama Fani Lerner.

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Jordão acredita que os casos de grampo, como o que aconteceu no gabinete de Maria Elisa Paciornik, eram de conhecimento do secretário-chefe da Casa Militar, coronel Luiz Antônio Borges Vieira. "É impossível que o chefe da Casa Militar, responsável pela segurança do governador, não tenha conhecimento. É impossível. Se você está num lugar para fazer a segurança de alguém, seu conhecimento de informação deve ser total. Desde o que acontece com a faxineira até a mais alta autoridade do Estado", salientou. Jordão disse que já estava fora da Inteligência, quando Maria Elisa denunciou ao Ministério Público do Paraná a existência de um grampo em seu gabinete. "De lá para cá, eu deixei a Inteligência de lado. Só agia quando o coronel Vieira pedia. E isto ocorreu mais de uma vez", garante.

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Os pedidos de varredura de gabinetes de secretários e familiares de integrantes da Casa Militar eram, segundo o cabo da PM, executados por dois técnicos da Telepar, responsáveis pela Defense Assessoria e Consultoria Ltda, Edgar Fontoura Filho e Jefferson Martins Stoner. "Nunca fiz espionagem. Eu trabalhava na contra-espionagem e a Casa Militar sabia disto. Dentro do Palácio e das secretarias", afirmou. Jordão disse que os grampos eram feitos internamente. "O mundo é uma guerra de poder e vence aquele que tem mais informações. Esta é a lei da informação."


Jordão, que é acusado de ser o mandante de um outro caso de grampo, este envolvendo a Ocidental Distribuidora de Petróleo, com sede em Araucária (Região Metropolitana de Curitiba), disse ter sido alvo de uma armação. O cabo da PM acusou o ex-funcionário da Secretaria Especial da Chefia de Gabinete do Governador Gilberto Maria Gonçalves de ter sido um dos articuladores. Gonçalves, que está fora do governo desde a última quinta-feira, estava sob a responsabilidade de Gerson Guelmann, que responde pela pasta.

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Gonçalves trabalharia com a ajuda do primo João Bastista Cordeiro, ex-técnico da empresa de telefonia GVT. "Pelo que eu sei os dois trabalhavam juntos. Quando um não podia fazer o serviço, o outro fazia", disse o cabo Jordão. Cordeiro foi preso em flagrante com mini-gravadores na caixa de distribuição da Telepar em Araucária, no último dia 4 de abril. De acordo com as investigações policiais, ele teria grampeado os telefones da Ocidental Distribuidora de Petróleo a mando de funcionários da Casa Militar e do Palácio Iguaçu.


Os nomes citados foram do cabo Jordão e do soldado Afrânio de Sá. O cabo alega que sua participação e a do soldado Afrânio, no caso da Ocidental, se limitou na solicitação para que a Defense fizesse uma varredura em contas telefônicas. "Acompanhei nos primeiros dias o serviço e depois não acompanhei mais", afirma. Ele alega que foi pressionado para assinar a confissão de autoria do grampo.


"Fui arrebatado na frente de meu filho de um ano e dois meses, na frente de minha casa. Isso tudo foi armado, porque o Gilberto me ligou e disse que tinha uma encomenda para me entregar na porta da minha casa", declarou. O cabo Jordão disse que teve medo de seus superiores na Casa Militar. "Fomos ouvidos por uma comissão de oficiais. Neste quadro, qualquer um confessa", contou. "Ele (Gonçalves) começou a ser investigado pela própria Casa Militar. Ele tinha uma sala de telefonia no quarto andar (mesmo pavimento aonde fica a Secretaria de Guelmann) e de lá, ele monitorava todos os telefones do Palácio", afirmou.

Gonçalves, segundo o cabo da PM, teria trabalhado em campanhas eleitorais durante vários anos. Algumas vezes, ele teria, inclusive, sido preso e a Casa Militar teve que intervir. Ele era preso, geralmente, com uma kombi e escadas, segundo a versão de Jordão. "Isto em campanha e fora da campanha. O motivo era sempre abafado", conta ele.


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