O primeiro mês da segunda gestão do prefeito Cassio Taniguchi (PFL) foi marcado pelo reajuste no preço da passagem do transporte coletivo em Curitiba. O valor da tarifa subiu de R$ 1,00 para R$ 1,10 no dia 21 de janeiro e desagradou principalmente os estudantes. Uma das promessas da campanha pela reeleição era não aumentar a tarifa, que permaneceu inalterada por um ano. Durante a campanha, o próprio PT – que disputou o segundo – alertava que a promessa poderia não ser cumprida. Mas Cassio negava o reajuste.
Na avaliação do prefeito, janeiro foi um mês de "consolidação" do seu plano de governo, já que 30 dias é um tempo muito pequeno para colher resultados práticos. Ele passou três dias reunido com seu corpo de secretários para discutir as ações que balizarão seus próximos quatro anos de governo.
No mês que passou, a prefeitura ainda teve que concentrar boa parte dos esforços no atendimento a dezenas de famílias do Xapinhal (zona sul), que tiveram suas casas atingidas por um incêndio. O prefeito afirma que foram relocadas 12 famílias, que serão assentadas em lotes da Companhia de Habitação (Cohab) e receberão móveis, cestas básicas e utensílios domésticos.
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A intenção é construir um equipamento comunitário no local onde estavam as casas. Na última semana de janeiro, técnicos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), da Cohab, da Fundação de Ação Social (FAS) e da Administração Regional do Bairro Novo começaram treinamento para implantar um programa piloto de geração de emprego no Xapinhal.
Cassio pretende priorizar a área social, com o objetivo de reduzir as áreas de favela da Capital. De acordo com o Instituto Municipal de Administração Pública (Impa) – que prefere não usar o termo favela – hoje existem 262 “ocupações irregulares”. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) calcula que Curitiba tem mais da metade das favelas do Estado (122 das 207), ficando com a quinta colocação entre os municípios brasileiros com maior número de favelas.
Para viabilizar seus planos, Cassio cortou 90 cargos de assessoria e extinguiu duas secretarias, abrindo espaço para a criação de 114 cargos de gestores públicos. Segundo o prefeito, seus principais desafios estão na consolidação do caráter social, transparência nas ações e eficiência do serviço público.
Cassio comemora que deixou as contas da prefeitura em ordem. A Capital cumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) no que se refere à folha de pagamento do funcionalismo. O ano passado foi encerrado com 47% da receita destinada ao pagamento dos servidores. O limite estabelecido pela LRF é de 60%. Entretanto, outros pontos ainda dependem de ajustes, sendo que em 1998, durante sua primeira gestão, foi criado o comitê de ajustes para equilibrar as contas do município.
O prefeito ainda precisa administrar uma dívida de cerca de R$ 700 milhões. Entretanto, a dívida da prefeitura, segundo Cassio, é de R$ 300 milhões. O restante se refere a débitos dos mutuários da Cohab. Ele calcula que serão necessários 15 anos para acabar com os débitos.
Os principais credores são o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Ele ressaltou que a dívida da Capital evoluiu com a desvalorização do real frente ao dólar, em janeiro de 1999.
Outra meta do prefeito é reabrir a maternidade Victor Ferreira do Amaral, na Avenida Iguaçu. "Aprovamos uma minuta de convênio com a Universidade Federal do Paraná para a reabetura da maternidade", anunciou. O convênio prevê o repasse, por parte do município, de R$ 680 mil para que a unidade volte a funcionar. Também está previsto o repasse mensal de recursos para pagamento de pessoal, custeio e serviços – as primeiras duas parcelas de R$ 100 mil e as restantes de R$ 50 mil cada.
O prefeito vai divulgar um balanço dos 100 dias de governo, fazendo uma nova avaliação da situação social da Capital e de seus projetos. O presidente do PT em Curitiba, Pedro Paulo Costa, acredita que falta agilidade. "Para quem se reelegeu e deseja vincular a imagem de administração social, Cassio peca pela falta de agilidade", afirmou. "Só déficit em creches, de mais de 20 mil vagas, mereceria uma ação emergencial".