A primeira reunião do prefeito Cassio Taniguchi (PFL) com seu novo secretariado teve tom de corretivo. Cassio passou três dias reunido com os 26 secretários, presidentes de fundações e institutos no Hotel Paraná Golf, na Região Metropolitana de Curitiba. O discurso durante as reuniões foi incisivo: quem usar os cargos de primeiro escalão para fazer "politicagem" está com os dias contados e será demitido. O prefeito pediu ainda aos seus subalternos que o ajudem a acabar com as especulações de que ele será candidato ao governo do Estado nas eleições de 2002. Na avaliação dele, isso só traz instabilidade ao seu segundo mandato, que acaba de iniciar.
O prefeito quer um corpo mais técnico, e não político. O objetivo é dar suporte ao seu projeto social, cujo carro-chefe é a desfavelização de Curitiba. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (leia mais em Cidades) as favelas proliferaram nos últimos anos na Capital. Cassio - que promete fazer uma gestão social no seu segundo mandato - pediu mais critério e o bom senso aos secretários municipais, para que os mesmos colaborem e trabalhem unidos para dar sustentação aos projetos de cunho social que pretende implementar.
Além de tratar de assuntos administrativos, que passaram pelas doze principais propostas do prefeito, Cassio fez ainda fez questão de frisar que não está disposto a ser candidato nas eleições de 2002, para o governo do Estado. Cassio, que está cada vez mais dissociando sua imagem da do governador Jaime Lerner (PFL) - fato ilustrado pelo distanciamento de Lerner da campanha de Cassio -, disse que quer se dedicar à cidade durante os próximos quatro anos e fazer uma administração social, melhorando a qualidade de vida da população.
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O prefeito já havia avisado, pouco depois de ter saído o resultado das eleições de outubro do ano passado, que, pelo menos oficialmente, não está interessado em transferir-se para o Palácio Iguaçu tão cedo. Ele disse ainda que não quer que os secretários falem em nome dele, ou alimentem expectativas em torno da sucessão para o governo Jaime Lerner, envolvendo seu nome.
Durante o processo de "imersão" (denominação utilizada pelas fontes da própria prefeitura), que durou de quinta-feira a sábado passado, houve espaço para o prefeito fazer uma "mea culpa" e admitir que recebeu um recado das urnas em outubro, quando conseguiu no segundo turno uma vitória apertada sobre o petista Ângelo Vanhoni. O pefelista obteve apenas 26 mil votos válidos a mais que o candidato do PT, o que corresponde a uma diferença de 2,9%.
Para Cassio, sua vitória foi um novo voto de confiança dos curitibanos. Ele acredita que precisará se dedicar mais na segunda gestão.
Um dos pontos que deve receber grande parte da atenção do prefeito nos próximos anos é a desburocratização da máquina. O prefeito quer uma administração mais enxuta, que dará especial atenção à Lei de Responsabilidade Fiscal, aprovada em maio deste ano. Cassio Taniguchi já deu os primeiros passos em direção ao enxugamento da máquina, extinguindo, no final do ano passado, duas das 17 secretarias e transformando cargos em comissão em gestores.