A segunda fase de investigações da ''Operação Parceria'', comandada pela Polícia Federal (PF) de Londrina e Curitiba em conjunto com Receita Federal e Controladoria Geral da União (CGU), deverá ser direcionada a prefeituras e políticos que tenham ou que tenham tido alguma relação com a oscip Centro Integrado de Apoio Profissional (Ciap).
A entidade é suspeita de ter desviado cerca de R$ 300 milhões do total de R$ 1 bilhão recebidos do Governo Federal, nos últimos cinco anos, por meio de convênios com os ministérios da Saúde e do Trabalho e Emprego. Só em Londrina, são quatro os convênios firmados na área de saúde - no valor anual que ultrapassa os R$ 48 milhões.
Ontem à tarde, a PF em Londrina encaminhou à PF de Curitiba o final da análise do material apreendido no começo do mês passado, a qual integra o relatório que indicia pelo crime de desvio de verbas públicas 14 pessoas ligadas à oscip e que teriam participado do esquema investigado. Desse grupo, 12 chegaram a ser presos e dois estão foragidos, mas com prisão preventiva decretada. Três seguem presos na PF da capital, por determinação do juiz da 2 Vara Criminal Federal de Curitiba, Sérgio Fernando Moro: o presidente do conselho administrativo do Ciap, Dinocarme Aparecido Lima, e outros dois funcionários que, junto com Lima, afirma a PF, comporiam a cúpula do esquema.
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De acordo com o delegado-chefe da PF em Londrina, Evaristo Kuceki, a instituição não pediu nem recomendou a soltura dos três que seguem presos, entre outros motivos, porque há a suspeita de que outras pessoas, além das 14 já indiciadas, tenham envovimento com a suposta quadrilha. ''É ainda uma forma de garantirmos que não vão fugir nem ocultar bens, por exemplo, uma vez que, durante as prisões, a investigação arrecadou bastante bens e imóveis em várias cidades'', disse.
Conforme Kuceki, há ''indícios fortes'' de pelo menos 30% dos valores que teriam sido desviados o tenham sido por meio de contas particulares, todas bloqueadas pela Justiça, ou de empresas ''fantasmas''. Parte desse montante, explicou o delegado, teria sido sacado diretamente em caixas eletrônicos, em espécie, sem prestação de contas.
''Todo o material apreendido passou por uma análise criteriosa com nossas equipes, mais técnicos e auditores da CGU; como o presidente do inquérito (o delegado Ricardo Cubas, da PF de Curitiba) é especializado em crimes financeiros, e como o inquérito comprova materialmente todas as justificativas usadas para pedir as prisões temporárias e preventivas, creio que a Justiça vai ficar confortável para analisar'', definiu.
Sobre os inquéritos autônomos, o delegado da PF londrinense admitiu: a primeira parte dos trabalhos, centrada naqueles que seriam os ''cabeças'' do grupo, ''foi só a primeira parte de muito trabalho que vem pela frente''. ''Apareceu muita coisa nas investigações autônomas; algumas provas foram desmembradas e podem caracterizar, inclusive, crimes da esfera estadual'', declarou Kuceki, para completar: ''O fato é que todas as prefeituras terão seus projetos (com o Ciap) investigados; seis delas só no Paraná, além de instituições ligadas à oscip, funcionários públicos e políticos, alguns até com foro privilegiado'', asseverou. A PF de Curitiba encaminha o relatório da primeira etapa das investigações à Justiça Criminal Federal até a próxima sexta-feira.