A presidente Dilma Rousseff desembarcará em Buenos Aires amanhã, às 11 horas, para uma intensa agenda que desenvolverá em poucas horas com sua anfitriã, a presidente Cristina Kirchner, e os ministros argentinos. Embora a visita seja breve, já que Dilma partirá à tarde, após o almoço na sede da chancelaria argentina, o plano de Cristina é receber a colega brasileira com toda pompa. Será o primeiro encontro oficial entre as duas únicas mulheres atualmente presidentes na América do Sul.
Caso não ocorram mudanças, Dilma deve estar acompanhada do chanceler Antônio Patriota, dos ministros Nelson Jobim (Defesa), Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia). Também foram convidados Edison Lobão (Minas e Energia), Mario Negromonte (Cidades), além de representantes da secretaria especial de políticas para mulheres, da Caixa Econômica e da Comissão Nacional de Energia Nuclear.
Na reunião na Casa Rosada, a partir das 11h30, as duas presidentes devem assinar acordos sobre mais de uma dúzia de assuntos, entre os quais a intensificação da cooperação na área nuclear (os dois países desenvolvem, de forma conjunta, um reator multipropósito), a construção da hidrelétrica de Garabi, sobre o Rio Uruguai, além da criação de um foro empresarial binacional.
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Balança. Ambos os governos também avaliarão a evolução do comércio bilateral, ponto delicado para o governo Kirchner, já que a balança foi amplamente desfavorável para a Argentina em 2010, apesar das vantagens cambiais do peso em relação ao real.
No total, o saldo foi favorável ao Brasil em US$ 4,09 bilhões. Mas o superávit comercial tende a aumentar em 2011 a favor do Brasil. O ex-secretário de Indústria Dante Sica, diretor da consultoria econômica Abeceb, disse ao Estado que o superávit do Brasil com a Argentina poderia chegar a US$ 5,6 bilhões neste ano.
Horas antes do desembarque de Dilma, a União Industrial Argentina (UIA) emitiu um comunicado pedindo mais proteção para a indústria nacional, embora sem citar o Brasil de forma explícita. O empresariado argentino e diversos economistas também expressaram preocupação por uma eventual desvalorização do real, fato que complicaria a competitividade argentina no Brasil e poderia incrementar a importação de produtos brasileiros por parte do mercado argentino.
Eleição. A visita de Dilma também coincide com os primeiros sinais do eventual lançamento de Cristina Kirchner à reeleição. O cenário político argentino mudou radicalmente desde a morte do ex-presidente Néstor Kirchner em outubro passado, pois era o virtual candidato do governo.
Analistas políticos consideram que a visita de Dilma dá respaldo político e minimiza o impacto da notícia de que o presidente dos EUA, Barack Obama, em viagem à América do Sul irá a Brasil e Chile, mas evitará a Argentina.