A Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Assembléia Legislativa que investiga irregularidades nas faculdades e universidades estaduais deve viajar na próxima semana a Londrina para encontrar-se com o reitor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Pedro Gordan. Os deputados que compõem a CEI decidiram não esperar pelos documentos com a prestação de contas das universidades que seriam fornecidos pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) para iniciar as investigações.
Segundo o presidente da comissão, deputado Fernando Ribas Carli (PPB), a intenção é dar mais agilidade aos trabalhos. "No nosso entendimento, é melhor recebermos esses documentos direto da mão do reitor do que esperar o resultado do TCE. Geralmente o Tribunal de Contas chega quando a porta já está arrombada", explica Carli.
A UEL foi escolhida como primeira parada das investigações devido às denúncias de irregularidades que culminaram no afastamento do reitor Jackson Proença Testa. Em seguida, os deputados devem visitar também a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, (Unioeste), com sede em Cascavel, que também teve seu reitor afastado.
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O foco principal das investigações será a contratação de 13 mil servidores desde 1997, quando as universidades receberam autonomia para a gestão de seus recursos e contratação de pessoal. Segundo o secretário estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Ramiro Wahrhaftig, os recursos enviados para as instituições desde então deram um grande salto. Em 1994, as 16 faculdades e universidades estaduais recebiam R$ 77 milhões. Em 2001 a dotação orçamentária foi de R$ 300 milhões, sendo que a UEL recebeu 36% dessa verba.
A comissão de inquérito pretende apurar se está havendo desperdícios de recursos em contratações desnecessárias e subaproveitamento de docentes. "O número de professores com mestrado e doutorado aumentou bastante desde que as faculdades começaram a gerir seus próprios recursos. Isso é positivo, como a autonomia de uma maneira geral, mas apenas se esses professores estiverem devolvendo à sociedade o que foi investido neles. Temos denúncias de doutores que dão apenas uma aula por semana", afirma Carli.
A contração de 12 mil novos servidores também será apurada. "Muitos cargos comissionados foram criados sem uma transparência para que a sociedade avaliasse a real necessidade deles. Na UEL, por exemplo, temos 3,2 alunos por funcionário. É um número muito baixo", ressalta o presidente da CEI. A título de comparação, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) tem uma média de 10,2 alunos por funcionário. No Centro Universitário Campos de Andrade (Uniandrade), em Curitiba, a média é 11,6.