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Presidente no Paraná

Confira o discurso de Lula em Congonhinhas

Redação Bonde
22 jun 2009 às 17:59
- Ricardo Stuckert /PR
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Discurso do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cerimônia de comemoração dos dois milhões de ligações pelo programa Luz para Todos
Congonhinhas-PR, 22 de junho de 2009




Bem, ser o último orador é sempre complicado quando tanta gente já falou aqui e eu, muito mais do que apenas falar para vocês e para quem está aqui, gostaria que a imprensa anotasse alguns números. Esses dias eu li em um jornal – não sei que jornal – que nós não tínhamos cumprido a meta do programa Luz para Todos. Quando eu vejo uma notícia dessas, eu só posso entender que esse companheiro que escreveu não participou da festa, chegou no fim e quer dar palpite sobre a festa. Porque, quando nós lançamos o Programa Luz para Todos, nós lançamos o Programa Luz para Todos com base no estado do IBGE existente em 2003. E portanto, o IBGE dizia que nós tínhamos por volta de 2 milhões de residências sem energia elétrica no Brasil, no campo. E nós então, nos propusemos a cumprir essa meta. E hoje quando a gente vem aqui, na casa do seu Aldair acender a luz na casa dele, na verdade são 2 milhões e 40 mil residências que acabaram de receber a energia elétrica. Portanto, é até um pouco mais do que nós nos propusemos a cumprir.


Em alguns estados importantes nós já ultrapassamos a média e já estamos fazendo a segunda fase. Eu vou dar um exemplo: o estado do Paraná, o estado de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo, Alagoas, Ceará e Espírito Santo. Em todos esses estados, nós já ultrapassamos a média, já ultrapassamos os limites do IBGE e já estamos fazendo a segunda fase do Programa Luz para Todos. E vamos ver se nós temos pernas para que a gente possa cumprir com aquilo que nós nos propusemos.

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É importante ter um número extraordinário. Até agora, entre governo estadual e governo federal, nós já investimos no Programa R$ 9,8 bilhões – R$ 9,8 bilhões, quase R$ 10 bilhões – nós já investimos em parcerias com os governos dos estados no Programa Luz para Todos. Outro número muito importante para vocês terem noção: o Programa Luz para Todos no Brasil já colocou 4 milhões e 620 mil postes – 4 milhões e 620 mil postes – 883 mil Km de fio. Prestem atenção, 883 mil quilômetros de fio. Daria para enrolar o planeta Terra quase umas cinquenta vezes. Vejam mais! Foram comprados, Requião, 708 mil transformadores, 708 mil transformadores. Isso significa muita geração de empregos, mas vou dar um dado melhor, agora, para vocês.

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Depois do Programa Luz para Todos, 96 mil famílias resolveram voltar para o campo. Na hora em que em eles perceberam que tinham a oportunidade de voltar para o campo e produzir, utilizar tecnologia, eles voltaram para o campo. É importante: 35,8% tiveram melhora na qualidade de vida familiar e 34% tiveram melhora nas oportunidades de trabalho, 41% passaram a estudar à noite. Ou seja, quase 50% das pessoas que foram beneficiadas com o Programa Luz para Todos voltaram a estudar e estudam à noite.

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Outro dado muito importante aqui: depois do Programa Luz para Todos, de todas essas ligações que nós fizemos, 78% adquiriram televisão, 73% compraram geladeira e 44% compraram equipamento de som. Veja o significado disto na indústria brasileira: foram 1 milhão e 570 mil televisores comprados, 1 milhão e 462 geladeiras compradas e 894 mil aparelhos de som comprados por causa do Programa Luz para Todos. Além de outras coisas que as pessoas compraram para refrigerar o leite, de máquinas para fazer ração animal, de outras máquinas para fazer suco com as frutas plantadas pelos proprietários.


Então, na verdade o que aconteceu foi uma pequena revolução neste país. Essa é uma pesquisa feita pelo Ministério das Minas e Energia que visitaram 3 mil e 660 propriedades que receberam o Programa Luz para Todos. É importante, Lobão, mandar essa pesquisa assinada por Vossa Excelência para a imprensa brasileira publicar corretamente, com os números do programa Luz para Todos. Por que eu estou fazendo isso? Por que este programa é importante? Porque... Eu vou dizer uma coisa para vocês, antes de falar. Aqui no estado do Paraná, o programa Luz para Todos, Requião, você sabe disso, gerou 29 mil e 800 empregos. Aqui no Paraná foram utilizados 459 mil postes. Aqui no Paraná foram utilizados 70 mil e 400 transformadores. Aqui no Paraná foram utilizados 87 mil quilômetros de cabos elétricos, o suficiente para dar duas voltas no planeta Terra. Vocês imaginem isso levado para todo o território nacional, a importância que este Programa tem.

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Por que este Programa não foi feito antes? A gente poderia perguntar por que, no Brasil, deixaram de fazer este Programa tantos anos atrás. Nós temos casos de hidrelétricas construídas neste país e, a 50 metros da hidrelétrica tem pobre sem energia elétrica. Sabem por que as pessoas fazem isso? Porque as pessoas que nunca moraram em uma casa sem luz não sabem qual é o sofrimento de uma pessoa viver na base do candeeiro; não sabem o que é uma mulher tentar costurar ou colocar um botão na camisa de um filho para ir à escola, à noite, sob a luz de um pavio molhado de querosene ou de uma vela; não sabem o que é uma mulher fazer comida à noite em um fogão a lenha, de apenas uma boquinha, sem conseguir enxergar sequer a quantidade de tempero que vai lá. E, mais importante, quando nós inauguramos uma das primeiras casas do programa Luz para Todos, uma mulher falou: "É a primeira vez, é a primeira vez que eu vejo o meu filho dormindo à noite". Quem nasceu em uma capital, nasceu em um hospital, com luz incandescente, depois voltou para casa, luz na rua, luz na esquina, luz em todo lugar, não sabe o que é uma mulher tratar de um filho doente à base da luz de candeeiro, não sabe o mal que faz para a saúde. É por isso que o Programa não foi pensado antes. Antigamente, a energia chegava no campo, nas fazendas, mas passava perto da casa de um pobre, o poste passava por cima, e eles não eram capazes de fazer uma ligação para atender o pobre. É por isso que nós encontramos tantas, tantas casas neste país sem ligação. Era um absurdo, Requião, em estados do Nordeste a gente encontrava governador que fazia alguma coisa, mas nos outros estados não tinha praticamente nada. E nós começamos quase do zero nisso. Para fazer essas coisas a gente tem que construir parcerias e graças a Deus a gente tem no Paraná um companheiro como o Requião que está pronto sempre a fazer parceria desde que ela seja para ajudar a maioria do povo mais necessitado.


Mas também tem que ter determinação porque R$ 10 bilhões poderiam ter guardado para pagar o superávit primário; R$10 bilhões poderiam ter pago para desonerar os produtos, porque quando a gente decide fazer política para os pobres, eles falam que é gasto e para os ricos é investimento.

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E nós temos clareza de que não existe investimento mais sagrado do que a gente cuidar do pobre. Porque o pobre na verdade, custa muito pouco neste país. É muito fácil tratar com os pobres. Eles não querem nada mais do que o essencial. O outro é que já quer ter lucro quando faz um investimento, antes de começar a produzir. E nós precisamos reeducar o país, porque são 500 anos de história. E a gente não pode esquecer que a nossa democracia é muito nova. A gente não pode esquecer que a mulher brasileira que hoje tem uma independência, votou pela primeira vez em 1934. A mulher não tem direito a voto, antes disso um pouquinho para votar tinha de ter uma certa quantia de dinheiro em reserva. Somente quem tinha uma quantidade de réis guardada é que podia votar. E a democracia vai permitindo que a gente vá tendo conquista, conquista, conquista. Nós já desapropriamos 43 milhões de hectares para fazer reforma agrária. Eu tenho dito: não basta dar terra para o trabalhador é preciso dar terra e faze-la produzir. Para isso é preciso mais investimentos, mais assistência técnica. Acabou, acabou aquele período em que a gente dizia: "não, nós temos que ajudar o pobre à cultura da subsistência, ou seja, plantar um pouquinho de macaxeira, de mandioca". Não sei aqui, mandioca, aipim ou macaxeira? Aqui é mandioca, pois bem... porque no Rio de Janeiro é aipim, no Rio Grande do Sul é aipim, aqui é mandioca. Então, plantar um pouquinho de mandioca para comer, um pouquinho de milho, um pouquinho de feijão, quando, na verdade, nós temos que ensinar as pessoas a produzir, a produzir com tecnologia, para as pessoas ganharem dinheiro. Porque todo mundo acha que o pobre gosta de ficar confinado no meio do mato, sem ter nada. Parece que o pessoal gosta, quando, na verdade, o que o povo pobre quer ter? Ele quer ter casa, ele quer ter carro, ele quer ter geladeira, ele quer ter fogão, ele quer ter televisão, ele quer ter o que todo mundo tem: máquina de lavar roupa, máquina... Porque o pessoal, também lá de cima, pensa que a mulher do pobre gosta de passar roupa com aquele ferro de carvão pesado para "desgraça".


Sabe, é assim, é por isso que as pessoas não fazem. Chegam a dizer para mim: "Oh, Lula, eles já estão acostumados". É. Então nós temos que mudar esses costumes. Por isso foi importante a parceria que eu vim assinar aqui com o governador Requião, o Incra e a Secretaria do estado, para levar técnico para ajudar a produzir. Porque hoje nós temos conhecimento, nós temos conhecimento. Nós não temos que produzir umas "titicazinhas" por terra, não! Nós temos que produzir o máximo possível, o máximo. Quanto mais a gente puder produzir por editais, mais dinheiro a gente vai ganhar.

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É por isso que o governo criou o programa PAA, compra de alimentos do Governo Federal pela Conab. É para garantir a cada produtor... É só lembrar de 1985, 1983, o Figueiredo era presidente e ele inventou um programa de compra de alimentos. Ele falava assim: "Plante que o governo garante". E o povo gritava: "Plante e coma, senão o João toma".


Na verdade, nós estamos com esse programa de alimentos. Eu acho – eu estava conversando com os companheiros do "Sem Terra" antes de vir para cá – [que] é um dos programas mais extraordinários que nós temos no País, porque nós garantimos ao pequeno produtor a certeza de que ele pode produzir, a certeza de que ele vai ter um preço adequado e a certeza [de] que a gente vai levar esse alimento para a boca daqueles que mais necessitam.

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Por isso que a energia é extraordinária. Muita gente não dá importância porque não conhece. Eu digo sempre: a pessoa que nunca morou em uma rua de barro, sempre morou no asfalto, não sabe como o pobre sofre para sair de casa pela manhã para trabalhar. Ele não sabe. Ele não sabe o que é a quantidade de barro na sola do sapato. Se eu e o Requião morássemos em uma rua de barro, nem eu e nem ele tínhamos barriga, muito menos o Paulo Bernardo, de tanta força que você faz para levantar o pé. Não é verdade?


Essas coisas, gente, estão mudando aos poucos. Os resultados são extraordinários. Na sexta-feira eu fiz uma reunião com os empresários e com os trabalhadores rurais daquele programa do trator que o Requião tem aqui, um bom programa, isentou ICMS, fica até mais barato do que o nosso. Mas, sabem quantos tratores já foram vendidos? Onze mil tratores. Onze mil. Onze mil tratores. Antigamente, isso representava 38% da produção industrial. Agora o programa Mais Alimentos está garantindo a produção de 75% da indústria de tratores. Vejam que nós lançamos este programa em maio do ano passado, julho do ano passado quando teve a crise de alimentos. Vocês estão lembrados de que aumentou a soja, aumentou um monte de coisas e logo jogaram a culpa em cima do álcool, porque os gringos tinham interesse de dizer: "É o etanol brasileiro que está fazendo o alimento encarecer". (falha na gravação)

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Por que o petróleo chegou a US$ 150 o barril e caiu agora? Sabem por quê? É porque tinha uma especulação financeira no mercado futuro e é por isso que os Estados Unidos quebraram. Essa crise, agora, não é uma crise da Bolívia, uma crise da Argentina, uma crise do Paraguai, do Uruguai ou uma crise do Brasil. Essa é a crise dos países ricos. Essa é a crise daqueles que davam palpite no Brasil o tempo inteiro. Vocês viram que o FMI até se calou, porque nós devolvemos o que tínhamos [devíamos] para eles e falamos: querem US$ 10 bilhões de empréstimo? Vamos emprestar US$ 10 bilhões para vocês, para emprestar para o povo pobre.


Então, vir aqui hoje em Congonhinhas, ir à casa do senhor Odair e da mulher dele e ver aquela luz acesa, e depois ligar aquela maquininha e moer uma cana, o Requião é um desastre para moer cana. Um homão deste tamanho, com medo. Eu e o seu Aldair, franzino, magrinho, fomos lá, pegamos a cana, toramos ali, nem trememos... ali. Está certo que a máquina levou um dedo meu, ó... mas já está no seguro este dedo aqui, estamos tranquilos.


Então, vir aqui dizer isso, gente, é para mim uma compensação. Eu sei que a gente não vai conseguir fazer tudo o que precisa ser feito no Brasil. Eu sei também que a gente não consegue consertar em quatro anos, oito anos ou dez anos aquilo que não foi feito em 500 anos. Mas a verdade é que se a gente acertar nos políticos em quem a gente vai votar, a gente tem chance de melhorar as coisas ainda mais, de fazer as coisas acontecerem, de fazer com que as coisas possam melhorar, porque este país tem todas as condições de melhorar. O Brasil não era respeitado antes porque as pessoas que governavam este país não se respeitavam. Não se respeitavam, sabem por quê? Porque esses países ricos hoje sabem que o Brasil não deve nada a eles. Eles sabem que a gente negocia em igualdade de condições. Eles sabem, e qualquer país do mundo hoje sabe que o grande feito do nosso governo foi colocar o pobre na mesa de negociação, foi colocar o pobre como ator social da política brasileira. Hoje é respeitado no mundo inteiro um programa como o Luz para Todos.


Quando eles falam que nós colocamos 11 milhões de famílias no Bolsa Família, são 44 milhões de pobres. Quando eles falam que nós tiramos 20 milhões da pobreza e colocamos na classe média, tudo isso é muito respeitado. Nós agora aprendemos muito mais, e vamos fazer muito mais. Por quê? Porque todos nós aprendemos a fazer as coisas.


Por isso é que nós lançamos o programa Minha Casa, Minha Vida, 1 milhão de casas, para ver se a gente tem capacidade de fazê-las até 2010. Não é o governo. São os empresários, são os trabalhadores, porque vai ter 500 milhões para construir casas para os companheiros do campo. E aí é preciso se organizar, utilizar as cooperativas para que a gente possa, no final de 2010, ter concluído 1 milhão e aprovar mais 1 milhão de casas.


Companheiro Rolf, nosso presidente do Incra, você foi comigo ali, na casa do Aldair. Ele já gastou os R$ 7 mil de financiamento. Nós vamos ter - companheira Dilma; companheiro Lobão; Paulo Bernardo, você, que é do Planejamento - nós vamos ter que dar uma estudada, porque com R$ 7 mil não dá mais para fazer casa não, meu filho. Não. Esses dias, Paulo... até um joão-de-barro está gastando 7 mil para fazer uma casinha. Então, eu acho que nós vamos ter que estudar direitinho, porque realmente R$ 7 mil já não dá mais. É uma parceria, que tem um pouco do governo federal, um pouco do governo estadual, mas eu acho que nós temos que aumentar, Paulo, tanto a parte nossa, quanto a parte dos estados. Eu acho que é preciso as cooperativas assumirem a responsabilidade de comprar o material, porque quanto maior for a quantidade de material que a gente compre, mais a gente pode baratear esse material. Então, é preciso que haja um pouco de organização.


No mais, companheiros e companheiras, eu queria me despedir de vocês dizendo... veja que coisa bonita, Requião, que a Eletrosul montou. Coisa bonita... antigamente, os nossos encontros eram no sol, não é? Eu fui agora em Alta Floresta, no Mato Grosso, e estava 40 graus ao meio-dia. A Dilma falava lá em Porto Velho, sem parar, eu vendo a Dilma no telão, e aquele povo suando, morrendo, e eu não podia pedir para ela parar de falar. Quando ela parou de falar, eu comecei a falar e não parei mais, também. Então, hoje vocês estando aqui nesta cobertura, é apenas um sinal. A gente não pode fazer uma cobertura dessas para os eventos que a gente faz com os empresários? Pode. Se a gente pode fazer para os empresários, por que não pode fazer para os trabalhadores humildes deste país? Por que não posso dar as mesmas condições?


Por isso, companheiros e companheiras, mais uma vez eu quero agradecer, Prefeito. Requião, você viu que o Prefeito é bom de gogó, né? O Prefeito é bom de gogó. Agora, se explica por que ele ganhou, se explica. Mas eu quero agradecer, Prefeito, o carinho, o título de "Cidadão de Congonhinhas" dado a mim e ao Requião. Da próxima vez, dê um para a companheira Dilma Roussef, um para o Paulo Bernardo, um para o Lobão. O Lobão fez um discurso fino aqui,você viu?


Então, gente, com muito carinho, um beijo em cada um de vocês, cada homem, cada mulher. E nós vamos continuar trabalhando para que este país possa melhorar definitivamente. Essa é uma meta nossa e eu tenho certeza de que nós vamos conseguir atingir. Graças a Deus, eu sou tão católico, que um padre não vai nem à minha casa fazer extrema-unção, porque ele sabe o lado de que eu estou.

Um abraço, um beijo e até outro dia.


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