A empresa Rodosafra pode ter tido uma participação bem maior do que foi apurado até agora na compra irregular de créditos tributários de ICMS da empresa falida Olvepar S.A. Indústria e Comércio feita pela Companhia Paranaense de Energia (Copel) em dezembro do ano passado.
Em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembléia Legislativa, que investiga irregularidades na Copel, o sócio da Rodosafra, Luiz Sérgio da Silva, afirmou nesta terça-feira que a empresa recebeu R$ 13,7 milhões com a operação de recuperação dos créditos e não R$ 3,2 milhões como foi apurado pelo Ministério Público estadual.
Além dos valores, o que chamou a atenção dos deputados da CPI foi a forma como as operações aconteceram. A exemplo dos pagamentos efetuados pela Copel à Olvepar, a Rodosafra também recebeu a quantia em três parcelas, nos dias 6, 13 e 20 de dezembro de 2002.
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O problema é que o advogado Antônio Carlos Fioravante Pieruccini, que se dizia representante da Olvepar e que recebeu a primeira parcela acertada com a Copel, no dia 6 de dezembro, sequer tinha procuração da empresa para tal.
Desde abril quem tinha procuração para representar a Olvepar era o advogado José Célio Garcia. Estranhamente, um dia após o pagamento da primeira parcela, em 7 de dezembro, um sábado dia em que os cartórios estão fechados Garcia substabeleceu uma procuração em nome de Pieruccini, emitida pelo cartório do distrito de Caxipó da Ponte, em Cuiabá, no Mato Grosso.
Questionado sobre a possibilidade de Pieruccini não obter a procuração e não repassar o dinheiro aos beneficiários, já que não havia nenhum documento legal com essa exigência, Luiz Sérgio da Silva disse que ''assumiria a responsabilidade pela operação, se fosse necessário''.
'' Toda essa história é muito estranha. Como é que a Copel aceita entregar o dinheiro a um advogado que só tinha uma autorização de boca?'', questionou o deputado Tadeu Veneri (PT), sub-relator da CPI.
Luiz Sérgio da Silva reafirmou que a Rodosafra era credora da Olvepar e, por esse motivo, teria entrado em negociação direta com a Copel para obter os recursos de parte dos créditos que a estatal compraria da Olvepar.
O sócio da Rodosafra também citou o nome de mais uma empresa a Plantart Assessoria e Comércio Ltda. que, segundo ele, já prestava serviços à Olvepar e cujo nome não havia sido citado até então pela CPI.
A Plantart teria o procurado, ao saber de suas operações de recuperação de crédito, tendo recebido a quantia de R$ 1,1 milhão por intermediar o contato da Rodosafra com a Copel. O pagamento foi feito em duas parcelas, de R$ 600 mil no dia 13 de dezembro e R$ 500 mil dia 20 de dezembro.
Sobre os R$ 13,7 milhões pagos pela Copel à Rodosafra, Luiz Sérgio da Silva afirmou que todos os pagamentos foram feitos com cheques do banco Itaú. Deste valor, R$ 300 mil teriam sido pagos a título de pró-labore a outro diretor da Rodosafra, Milton João Machiaveli; e outros R$ 350 mil à Sulgrain Operações Portuárias, empresa que presta serviços à Centro Sul Serviços Marítimos, outra empresa do setor.
Para o presidente da CPI, Marcos Isfer (PPS), o depoimento de Luiz Sérgio da Silva trouxe vários fatos novos que precisam ser apurados. Na próxima sessão, marcada para quinta-feira às 10 horas, a CPI está convocando o advogado Antônio Carlos Fioravante Pieruccini.
Caso ele não compareça, os parlamentares vão usar da força de lei da CPI para uma nova convocação na terça-feira.