Tanto deputados da base aliada como da oposição ao governador Beto Richa (PSDB) na Assembleia Legislativa (AL) do Paraná demonstraram desconforto ontem diante da chegada do novo "pacotaço anticrise". Membro da bancada governista, Hussein Bakri (PSD) disse que foi pego de surpresa. "Não tenho cópia de nada. São diversas informações. Uns dizem que é severo, que tem criação de taxas, e outros que são ajustes pontuais. Mas acho que não há clima nenhum para votar aumento de impostos. O momento é ruim, pelas dificuldades que as pessoas – físicas e jurídicas – passam."
Tercílio Turini (PPS), que se autointitula independente, criticou o fato de a mensagem 32/2016 vir em regime de urgência e contemplando num só texto todas as propostas. "São 153 artigos. É enorme, de difícil interpretação. Você precisa de muita assessoria para analisar e compreender o que o governo quer, embora na prática saibamos que o objetivo único e exclusivo é arrecadar mais, tirar dinheiro do contribuinte. Por que não mandou com calma, fatiado, para discutirmos cada assunto?", questionou. "O governo deveria explicar por que não faz corte de gastos. Teve tempo. Vem há dois anos patinando, aumentando impostos, pegando recursos de vários locais e vendendo imóveis", prosseguiu.
Para o oposicionista Nereu Moura (PMDB), essa seria uma maneira simplista de resolver os problemas de arrecadação. "O governo não tem dinheiro e aumenta imposto. Votaremos contra e vamos mobilizar a opinião pública", disse. "Passar pode até ser que passe (pelo plenário). Mas não sei se, num período de eleição, os deputados terão coragem de votar. Nas conversas que temos tido aqui, à boca pequena, a revolta é generalizada, inclusive dos deputados da base. Está todo mundo indignado, porque o desgaste será também dos que votarem a favor", opinou.
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O líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PSB), contudo, argumentou que o objetivo é garantir eficiência na gestão administrativa. "Esses mecanismos são criados para preservar a capacidade de investimento, fazer com que nossas políticas públicas sejam bem desenvolvidas e a população que paga imposto tenha aquilo que espera: retribuição com serviço de melhor qualidade", justificou. Ele também descartou a possibilidade de desmembrar as propostas. "Primeiro que eles (deputados) nem leram para dar opinião, mas independente disso, não. Será apreciado e votado de forma integral, até porque é um projeto que tem começo, meio e fim."