Em pronunciamento no Palácio da Alvorada, a ex-presidenta Dilma Rousseff disse nesta quarta-feira (31) ter sofrido o segundo golpe de Estado em sua vida. "O primeiro, o golpe militar, apoiado na truculência das armas, da repressão e da tortura, me atingiu quando era uma jovem militante. O segundo, o golpe parlamentar desfechado hoje por meio de uma farsa jurídica, me derruba do cargo para o qual fui eleita pelo povo".
Dilma classificou de "inequívoca eleição direta" a aprovação do impeachment por 61 senadores e garantiu que vai recorrer em todas as instâncias possíveis contra o que chamou de "fraude". Ao final, ela disse ainda que, neste momento, não dirá adeus ao povo brasileiro, mas "até daqui a pouco".
Em seu discurso, a agora ex-presidente afirmou que os senadores que votaram pelo seu afastamento definitivo rasgaram a Constituição e consumaram um golpe parlamentar.
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"Hoje, o Senado Federal tomou uma decisão que entra para a história das grandes injustiças. Os senadores que votaram pelo impeachment escolheram rasgar a Constituição Federal, decidiram pela interrupção do mandato de uma presidente que não cometeu crime. Condenaram uma inocente e consumaram um golpe parlamentar", disse.
Dilma dircursou ao lado de um grupo de aliados, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Também acompanharam o discurso cerca de 30 manifestantes contrários ao impeachment que protestavam em frente ao Alvorada e foram autorizados a entrar.
Impeachment
O Senado aprovou nesta quarta, por 61 votos favoráveis e 20 contrários, o impeachment de Dilma Rousseff. Ela foi condenada sob a acusação de ter cometido crimes de responsabilidade fiscal – as chamadas "pedaladas fiscais" no Plano Safra e os decretos que geraram gastos sem autorização do Congresso Nacional.
Embora tenha aprovado a perda do mandato de Dilma, o Senado decidiu manter - por 42 votos a 36 - os direitos políticos de ex-presidente. Com isso, ela poderá se candidatar para cargos eletivos e também exercer outras funções na administração pública.