A pré-candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, ironizou os elogios que seu adversário na campanha política deste ano, José Serra (PSDB), fez ao Bolsa-Família. "Não quero polemizar com ele, mas acho interessante esse novo estilo da oposição, de tentar passar por aquilo que não foi nos últimos sete anos e meio", reagiu a ex-ministra-chefe da Casa Civil neste sábado, em Porto Alegre, ao ser provocada pelos repórteres a comentar as sucessivas declarações do tucano, que promete manter e ampliar o programa de transferência de renda do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. "Se apoiassem tanto o nosso governo, por que não apoiaram antes?", questionou a petista. "É só isso que eu pergunto".
Em seu terceiro dia no Rio Grande do Sul, Dilma participou de uma plenária que lideranças do movimento sindical e social organizaram como ato de pré-campanha. À vontade, à frente de cerca de mil apoiadores que lotaram o salão de atos do Colégio Rosário para aplaudi-la e cantar seu nome, Dilma voltou a acusar a oposição de ser "lobo em pelo de cordeiro" dando a entender que desconfia das intenções da mudança de postura dos adversários. "Até ontem eram a oposição mais feroz, mais destrutiva, que foi contra o Bolsa-Família dizendo que era Bolsa-Esmola".
Na comparação com gestões anteriores, Dilma chegou a afirmar que "aquele País triste, da estagnação, da desigualdade, do desemprego, aquele País triste nós enterramos no governo do presidente Lula". Sempre citando o crescimento econômico com avanços sociais que entende que a gestão petista conseguiu, Dilma fez críticas indiretas à gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Vocês jamais me verão dizendo 'esqueçam o que eu disse'", garantiu. "Eu não entrego o meu País, vocês jamais me verão tomando posições, assumindo decisões que levam à perda das riquezas do País ou levem à venda de seu patrimônio, das suas empresas públicas".
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Ao gosto da plateia, a pré-candidata assegurou que não compactua com Estado omisso, diminuto, que não use do planejamento e não distribua renda. "Vocês jamais me verão transformar o Estado em marionete, mas sim valorizar o Estado sempre e torná-lo instrumento do interesse público e do interesse do povo brasileiro", prometeu.
No discurso, Dilma também afagou grande parte do público ao dizer uma democracia como a nossa tem que ter movimentos sociais fortes. "É inadmissível que um democrata persiga, bata ou reprima o movimento social jogando cães sobre ele". Ao sair, na breve entrevista coletiva que deu, respondeu a uma pergunta sobre as invasões promovidas pelos sem-terra citando os assentamentos que o governo fez e programas como o Mais Alimentos e Luz Para Todos. "Nosso governo foi o que mais contribuiu para a paz no campo", reiterou. "Agora, vocês não esperem de mim uma declaração do tipo prende e arrebenta porque vocês não vão ter".
Pesquisa
Dilma não quis comentar a pesquisa divulgada hoje pelo Datafolha, na qual aparece com 28% das intenções de voto, dez pontos porcentuais atrás de José Serra, que tem 38%. "Pesquisa é retrato do momento", repetiu. "Ela sendo o que seja, eu não comento pesquisa".