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Defendendo as ocupações

Discurso de estudante de 16 anos constrange deputados na Assembleia Legislativa do Paraná

Mariana Franco Ramos - Grupo Folha
27 out 2016 às 09:11

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- Divulgação/Alep
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O discurso de uma estudante de apenas 16 anos deixou constrangidos os deputados estaduais que acompanhavam a sessão da última quarta-feira (26) na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). Aluna do Colégio Estadual Senador Manoel Alencar Guimarães, em Curitiba, Ana Julia Pires Ribeiro subiu à tribuna para defender a "Primavera Secundarista" e responder a acusações dos próprios parlamentares, feitas no dia anterior, de que o movimento foi o responsável pela morte do jovem Lucas Eduardo Araújo Mota, também de 16 anos, na última segunda-feira (24), numa escola ocupada. Assista à fala da estudante na íntegra:


"A minha pergunta inicial é: de quem é a escola? A quem a escola pertence? Eu acredito que todos aqui já saibam essa resposta. E é com a confiança de que vocês conhecem essa resposta que eu falo para vocês sobre a legitimidade desse movimento, sobre a legalidade (...)", afirmou. O movimento já atinge mais de mil escolas no Brasil, sendo cerca de 800 no Paraná. "Ontem eu estava no velório do Lucas. E eu não me recordo de nenhum desses rostos aqui. Não me recordo de nenhum (...) Vocês estão aqui representando o Estado e eu os convido a olhar nas mãos de vocês. Estão sujas de sangue", disparou.

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Conforme a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp), Lucas foi esfaqueado por um colega de 17 anos após ambos terem usado drogas sintéticas com mais um rapaz e se desentendido. O crime aconteceu nas dependências do Colégio Estadual Santa Felicidade. As declarações de Ana Júlia irritaram o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), que ameaçou encerrar a plenária. "Vou fazer uma intervenção. Com o devido respeito a sua idade e a sua família. Aqui você não pode agredir o parlamentar", disse o tucano. Ela então se desculpou e continuou falando.

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Outra secundarista, Nicoly Moreira do Nascimento, de 15 anos, que estuda no mesmo colégio de Lucas, também discursou: "A cada ano, muitos adolescentes morrem dentro de escolas, mas isso não parece ser preocupação para o governo. Entretanto, morre um jovem dentro de uma ocupação pacifica e organizada e, de repente, parece que todo mundo se importa. Querem que voltemos para sala de aula, salas sucateadas, sem recurso e com professores sem incentivo para nos ensinar. Precisamos de uma reforma, mas não dessa forma. Mais horas de aula não vão significar nada se não vierem acompanhadas de qualidade".

O convite para ambas participarem da sessão partiu do deputado Tadeu Veneri (PT). Anteontem, Traiano havia concedido espaço para representantes do recém-criado movimento "Desocupa Paraná", contrário à "Primavera Secundarista", falarem, motivo pelo qual o petista pediu "isonomia". "Propiciei essa oportunidade. Acho que democraticamente tenho que dar a chance para os dois lados se pronunciarem, virem aqui para expor o que pensam", afirmou o tucano. "As meninas estão de parabéns, falam com a emoção de quem está vivendo o movimento. A escola é transitória, mas o que os estudantes aprendem é permanente", opinou Veneri.


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