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Corrupção na Petrobras

Dono de empreiteira diz que propina ao PT era rotina

Agência Estado
12 set 2015 às 08:35

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O dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa, confessou nesta sexta-feira (11) em depoimento à Justiça Federal, que pagou propina para o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque e para o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa - cotas do PT e do PP, respectivamente, no esquema de cartel e corrupção na estatal, que inclui também o PMDB, no comando da Diretoria Internacional. O juiz questionou ao empreiteiro quantas vezes ele teria conversado com Duque. "Conversei com o diretor Duque muitas vezes", respondeu o empresário. "Mas esses assuntos (propina) poucas vezes, porque passou a ser uma coisa rotineira, automática", disse Pessoa.

Duque está preso em Curitiba, base da Lava Jato, e é réu em três ações penais na Justiça Federal no Paraná. As audiências da 13ª Vara Criminal Federal, onde tramitam as ações sobre propinas na estatal, são filmadas. Os relatos das testemunhas e dos acusados são gravados em áudio e vídeo.

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"Pagou (a UTC) propina a Paulo Roberto Costa, mas não diretamente, e sim através do senhor Alberto Youssef e senhor Janene (José Janene, ex-deputado do PP, morto em 2010). Duque (eu) paguei (por meio de) Pedro Barusco (ex-gerente de Engenharia da Petrobras) e do senhor João Vaccari (ex-tesoureiro do PT)", afirmou Pessoa.

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O empreiteiro foi ouvido pelo juiz federal Sérgio Moro - que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba - em ação penal em que são réus o presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e executivos do grupo.

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"O senhor conversou diretamente com o senhor Renato Duque sobre propinas?" questionou o magistrado. "Conversei e ele sempre me encaminhou para o senhor João Vaccari e Barusco", respondeu o empreiteiro.


"Mas ele encaminhou para assunto de propina?", insistiu Moro. "Sim senhor", confirmou Pessoa.

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'Sem dificuldades'


O dono da UTC fechou acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República no âmbito dos processos da Lava Jato que correm no Supremo Tribunal Federal (STF), envolvendo políticos com foro privilegiado.

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"Por que pagava-se propinas para esses agentes da Petrobras?, perguntou o juiz. "Pelo contrato, pagava-se propina para se obter o contrato, para se ter a continuidade dele, da maneira mais correta, mais clara, mais calma, mais sem dificuldades", respondeu o empreiteiro .


O juiz quis saber se parcela dos valores de propinas para as diretorias de Serviços e Abastecimento era sempre destinada à parte política. "Sempre, sempre", respondeu Pessoa.

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Em seu acordo com a Procuradoria-Geral da República, o empreiteiro implicou ao menos 15 partidos, da situação e da oposição ao governo federal, que receberam repasses legais e ilegais de sua empresa.


Ele afirmou que as doações eleitorais da UTC visavam "abrir portas" no Congresso e em todos os órgãos públicos. Dentre os repasses, o delator já admitiu em delação na Procuradoria-Geral da República ter se encontrado sete vezes com o ex-presidente Lula. Disse também que entregou, na sede do PT, em São Paulo, R$ 2,4 milhões em dinheiro vivo para a campanha dele em 2006 - mas admitiu não saber se o ex-presidente tinha conhecimento que o dinheiro teria origem ilegal.

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Além disso, trechos de seus depoimentos foram utilizados na denúncia contra o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL), acusado de corrupção e lavagem de dinheiro no esquema da Petrobras.


A íntegra da colaboração de Pessoa está sob sigilo no Supremo Tribunal Federal, onde estão as investigações contra políticos que possuem foro privilegiado.

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Parte dos depoimentos que foram encaminhados ao juiz Sérgio Moro, contudo, tiveram o sigilo suspenso ontem. Isso porque o magistrado entendeu que os trechos da delação que não citam políticos com foro privilegiado e envolvem fatos já apontados nas ações penais em curso na Justiça Federal no Paraná devem ser tornados públicos.


Dirceu e políticos


Nos termos, que não foram divulgados na íntegra até a conclusão desta edição, o empreiteiro confessou repasses de propina do esquema de corrupção que operou na Petrobras entre 2004 e 2014 para o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu (durante o primeiro mandato de Lula) e para o PT, via Vaccari Neto, por meio de "doações declaradas e não declaradas".


O conteúdo desses termos não haviam sido anexado aos autos, mas eles foram descritos por Moro. Neles, Pessoa trata ainda das propinas para os ex-deputados Luiz Argôlo (ex-PP e afastado do Solidariedade/BA) e Aline Corrêa (PP/SP), com recursos da Diretoria de Abastecimento da Petrobras.


O empreiteiro fala, ainda, sobre as operações de propina envolvendo a Diretoria de Serviços - cota do PT no esquema alvo da Lava Jato - com os lobistas Adir Assad e Mário Góes.

Em dois dos depoimentos, Pessoa fala sobre a atuação do cartel em consórcios formados nas obras do Comperj, no Rio, e na Refinaria Repar, no Paraná. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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