O presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta segunda-feira, em seu primeiro pronunciamento oficial após a eleição de Luiz Inácio Lula de Silva (PT), que o resultado mostra "que há no Brasil uma democracia plena, sem preconceitos de qualquer natureza, e mobilidade social".
"Isso nos orgulha", afirmou, em Brasília. O acadêmico FHC refutou juízos de valor sobre a origem de Lula - nordestino que chegou a São Paulo, onde fez carreira como sindicalista e depois político, fugindo da seca. "O que deve distinguir os brasileiros é patriotismo, competência dedicação."
O presidente disse que há um "significado especial" em passar a faixa presidencial a Lula, a quem conhece há 30 anos - os dois dividiram vários palanques do final dos anos setenta até a campanha pelas eleições diretas, em 1984. "Se já era inabitual que alguém com minha formação acadêmica chegasse à presidência, é mais inabitual ainda que o Lula chegue. Espero o momento com ansiedade."
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Para FHC, o pronunciamento de Lula, no início da tarde desta segunda-feira, "indica que o caminho que ele seguirá é de responsabilidade, de continuidade. Corresponde ao que eu disse e diria outra vez." O presidente se esquivou de pergunta de jornalista sobre a guinada do PT em direção ao centro, que garantiu a eleição de Lula na quarta eleição disputada pelo ex-sindicalista: "A margem de discordância entre correntes, numa democracia madura, não é grande. Por que criticarei os outros que fizeram correções de rumo? Se for para melhor, têm o meu aplauso."
O presidente reiterou que tomará providências para que haja uma transição "que respeite a vontade popular, para que o novo governo atue de maneira imediata".
"Serra não foi candidato do governo" - FHC falou sobre seu apoio ao candidato derrotado José Serra, seu colega no PSDB: "Ele foi candidato do meu partido, não do Palácio do Planalto. O governo não entrou na briga. Logo, não houve derrota do Palácio do Planalto. O próprio candidato disse que não era do governo, porque não houve uso da máquina e porque muitas forças da aliança que esteve em meu governo não o apoiaram."
FHC considerou "consagradora" a votação obtida pelo PSDB nas eleições estaduais - o partido fez sete governadores. "O povo demonstrou que escolhe livremente, não vota de maneira uniforme. Isso é sinal de liberdade, não de falta de consistência. O resultado é que a democracia sai mais fortalecida."