Os diretores dos institutos de pesquisas paranaenses analisam com ceticismo o resultado do levantamento do Datafolha, publicado no dia 2 de julho pelo jornal Folha de São Paulo. Eles acreditam que os índices ainda vão sofrer muitas mudanças até a hora do voto. Sobre a liderança do senador Alvaro Dias (que enfrenta processo de expulsão do PSDB) na disputa pelo Palácio Iguaçu, o diretor do Instituto Bonilha, Rogério Bonilha, comenta que o político "está aparecendo muito na mídia", o que teria influenciado os entrevistados da pesquisa. Pela pesquisa do Datafolha, Alvaro Dias aparece em primeiro lugar, com 43% das intenções de voto.
"Na hora de expressar uma intenção de voto, o eleitor diz em quem ele poderia votar, mas isso não chega a ser uma garantia de vitória, já que o entrevistado está falando sobre quem ele conhece", diz Bonilha. Murilo Lopes, da Paraná Pesquisas, afirma que o levantamento mostra que o eleitor quer ver no poder "políticos com experiência administrativa". Alvaro, governador entre 1987 e 90, é seguido pelo senador Roberto Requião (PMDB), seu sucessor, que aparece com 24% da preferência do eleitorado.
O governista com melhor desempenho na pesquisa é o secretário de Comunicação Social, Rafael Greca (PFL). Ele aparece em 4º lugar com 5% das intenções de voto, três pontos percentuais a menos que o deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT), o 3º colocado. Mesmo associado ao desgate da administração estadual, Greca, segundo os especialistas, ainda tem um tempo razoável para reverter a situação nas próximas pesquisas.
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Nas eleições municipais do ano passado, os institutos de pesquisa erraram feio nas previsões. Dois exemplos: no começo da campanha em Curitiba, o prefeito Cássio Taniguchi (PFL) deveria vencer ainda no primeiro turno, mas o crescimento do deputado estadual Ângelo Vanhoni (PT), considerado um azarão, obrigou os institutos a rever as pesquisas. Pior ainda aconteceu em Londrina, onde o prefeito Nedson Micheleti (PT) nem estava entre os dois primeiros colocados.
"Eleição é um negócio complicado. De repente, um candidato passa a ser o preferido e ninguém consegue explicar por quê", diz Daniel Hatti, da Canadá Pesquisas. "O que vimos na eleição passada só prova que pesquisa não influencia o eleitor. A eleição depende mais da atuação dos próprios candidatos do que qualquer outra informação que ele passar para o eleitor", analisa Waldimir Coutinho, da Alvorada Pesquisas.
Rogério Bonilha, do Instituto Bonilha, diz que é preciso desmistificar o poder das pesquisas. "O eleitor tem que aprender a ver os resultados dos levantamentos com olhos críticos e não tomar resultados parciais como verdade", afirma Bonilha. Coutinho alerta que os institutos deveriam adotar mais de uma margem de erro para resguardar a credibilidade. Ele justifica que na eleição do ano que vem o eleitor terá de escolher seis candidatos na urna eletrônica. "Ele pode achar que votou no candidato, mas não digitou direito os números dos votos e para a pesquisa ele vai dizer algo que na prática não se consumou".