Os ex-diretores do Banco do Estado do Paraná (Banestado), convocados para depor numa das CPIs instalada pela Assembléia Legislativa, alegaram nesta terça-feira que todas as transações de renegociação de dívidas com empresas e empreiteiras foram realizadas de acordo com as regras do mercado financeiro e com o conhecimento do Banco Central (BC).
Na ocasião, entre os anos de 1996 e 1998, uma equipe de técnicos do BC acompanhava diariamente o trabalho dos diretores que compunham o comitê de crédito.
''Se haviam irregularidades, eles (técnicos do BC) sabiam. Por que nunca me falaram nada?'', questionou Gabriel Nunes Pires Neto, ex-diretor de Câmbio e de Operações do banco.
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De acordo com relatórios encaminhados para a CPI do Banestado, o BC está analisando 729 operações de empréstimos que teriam sido lesivas ao patrimônio do banco, vendido em outubro de 2000 para o Itaú.
Os empréstimos não pagos teriam somado cerca de R$ 570 milhões somente no ano de 1998, quando o Banestado acumulou um prejuízo de R$ 2,8 bilhões.
Entre as empresas que operaram com o Banestado, 11 são objeto de estudo detalhado dos parlamentares.
Dentre as quais, as construtoras DM e Rodoférrea, controladas por parentes do empresário Darci Fantin.
As empresas tiveram sigilo quebrado pela CPI na semana passada. Darci Fantin disse à Folha que não fez nada de irregular e que a quebra de sigilo era direito da CPI.
De acordo com o que foi relatado nesta terça-feira, as duas empresas tinham uma dívida com o Banestado no valor de R$ 15 milhões.
A garantia do pagamento da dívida, que venceria em um ano, era um pagamento por obras que seria feito pela Copel no valor de R$ 12 milhões.
No dia 21 de janeiro de 1997, o valor foi sacado e a dívida não foi paga. Em maio de 1998, houve uma negociação da dívida, que foi recebida num montante total de R$ 8,1 milhões.
''Tínhamos um parecer que mostrava que as empresas estavam com dificuldades econômicas. Não tivemos muito o que fazer. Analisamos o mercado e aceitamos a quitação da dívida. Era uma antecipação de pagamento e por isso merecia nossa atenção'', justificou Alaor Alvim Pereira, ex-diretor de Finanças do Banestado.
''Isso acontece o tempo inteiro, em todos os bancos financeiros e não representava prejuízo para o mercado financeiro.''
O ex-vice-presidente de Operações Sérgio Elói Druszcz disse que as operações com empreiteiros eram feitas com juros de mercado.
Na ocasião, o banco tinha que captar cerca de R$ 1 bilhão por dia para não se tornar insolvente.
''Você acha que os diretores do banco deram dinheiro para a DM? É claro que não. Agimos para captar recursos'', complementou Alaor Pereira.
A deputada estadual Elza Correia (PMDB), relatora da CPI do Banestado, concluiu, com os depoimentos, que as negociações eram feitas de forma precipitada para evitar a falência do banco.
''O problema é que essa composição ou renegociação dos empréstimos não era feita de forma isonômica, para todos os clientes do banco. Era feita apenas para as grandes empresas'', considerou.