O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso comparou o fato de ser apontado como um dos articuladores para evitar os progressos da investigação da Operação Lava Jato com a informação de que os russos interferiram na eleição para presidente nos Estados Unidos, que levou à vitória de Donald Trump. Ele não usou o termo exatamente, mas referiu-se à expressão "pós-verdade", neologismo que descreve a situação em que o fato tem menos influência do que apelos a emoções e crenças pessoais.
"Antigamente, a gente não tinha que se preocupar com rede social. Não havia, com o perdão da expressão, a 'fofocagem permanente'", afirmou durante palestra principal da manhã no V Seminário Luso-Brasileiro de Direito.
Ele comentou que "saiu no Brasil" que estaria participando de uma "conspiração" com o também ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o atual presidente, Michel Temer, para parar a Lava Jato e levar o petista ao poder em 2018. "Agora mesmo fui entrevistado aqui sobre o tema. Aqui, neste instante", afirmou após conversar com o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, sobre o assunto.
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Durante a palestra, FHC questionou qual seria o fato e respondeu que não havia, já que não tinha estado com Lula ou Temer nos últimos meses, a não ser em eventos sociais. "Mas alguém disse, e circulou. E eu tenho de responder ao que está circulando, não adianta eu saber que não é verdade. E eu falo, e eu respondo", argumentou, tirando, primeiro, risos e, depois, aplausos da plateia.
Do mesmo modo, comparou, um episódio similar se deu no mundo contemporâneo. O ex-presidente citou que o mundo assistiu recentemente a uma discussão nos Estados Unidos sobre a influência dos russos nas eleições americanas. "Será verdade? Sei lá se é, mas é um fato. Verdade ou não, as pessoas vão ter que interagir com isso que está circulando", disse.
Fernando Henrique Cardoso participa do V Seminário Luso-Brasileiro de Direito, em Lisboa, promovido pela Escola de Direito de Brasília do Instituto Brasiliense de Direito Público (EDB/IDP) e pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL).