A ministra-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann foi convocada pela segunda vez para prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados sobre as ações do governo na questão das demarcações de terras indígenas. Desta vez foi a Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (Cindra) que aprovou nesta quarta-feira a convocação da ministra. Em maio a ministra atendeu à convocação da Comissão de Agricultura para falar sobre o assunto.
O requerimento aprovado, de autoria do líder da minoria, deputado federal Nilson Leitão (PSDB/MT), foi incluído de última hora na pauta de votações para responder à estratégia do governo de esvaziar a audiência da comissão que seria realizada na tarde desta quarta para discutir o estudo da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária (Embrapa), que apontou falhas em processos de demarcação conduzidos pela Fundação Nacional do Índio (Funai). "Essa foi a terceira vez que o Palácio do Planalto derruba uma audiência sobre o mesmo tema. A ministra vem dificultando a vinda da Embrapa na comissão para explicar os laudos da Funai no Paraná", disse o parlamentar.
Segundo relatos de parlamentares, após a aprovação do requerimento o vice-líder do governo, deputado Henrique Fontana (PT-RS), foi até a comissão em busca de um diálogo na tentativa de reverter a convocação, que permanece mantida. O presidente da comissão, deputado federal Jerônimo Goergen (PP/RS), afirmou que a convocação de Gleisi surtiu o efeito desejado. "Mostramos que a estratégia de ignorar o Parlamento está equivocada. No dia anterior à audiência desta quarta, que acabou não acontecendo pela ausência dos convidados, recebi um telefonema informando que a Embrapa não participaria do debate. Então, aprovamos a convocação da ministra e, com essa pressão, conquistamos o diálogo que buscamos há meses", explicou.
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Jerônimo Goergen afirmou que os parlamentares da comissão serão recebidos amanhã, às 11h30, pela presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Assirati. "É algo inédito, talvez um marco nesse relacionamento até aqui conturbado", disse o deputado. Ele afirmou que também está prevista uma audiência com a presidência da Embrapa e possivelmente com a ministra Gleisi Hoffmann. "O diálogo se constrói com diálogo. Sempre fomos leais neste sentido e agora esperamos reciprocidade", disse Jerônimo Goergen.