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Greve dos caminhoneiros adia o entusiasmo do brasileiro com a Copa do Mundo

Agência Estado
29 mai 2018 às 08:20

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- Lula Marques/AGPT
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A greve dos caminhoneiros adiou a euforia dos torcedores com a Copa do Mundo. A torcida está mais preocupada com a crise de abastecimento e a consequente instabilidade política e econômica que se seguiu do que com o esquema tático do técnico Tite. Ou com a recuperação do Neymar. Ao contrário do que aconteceu na mesma época nas últimas edições do maior torneio de futebol do planeta, ainda não há clima de Mundial. E há quem duvide que a euforia vai se instalar.

"A cena política nacional tem atraído atualmente mais atenção da opinião pública do que os preparativos da seleção brasileira para o Mundial", opinou o professor José Carlos Marques, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).

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A presença da Copa do Mundo em segundo - em terceiro e até quatro lugares - na lista de prioridades do torcedor comum ficou evidente na visita que o jornal O Estado de S.Paulo fez nesta segunda-feira às ruas do centro da cidade de São Paulo, especialmente à rua 25 março, maior centro de comércio popular do país.

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O endereço obrigatório para quem quer comprar todo tipo de bugigangas de Copa do Mundo registrou um movimento 50% menor do que nos dias normais, de acordo com os lojistas. A ladeira Porto Geral, sempre entupida de carros, estava vazia. Bandeiras, óculos, colares, chapéus, vuvuzelas - sim, elas estão prontas para voltar -, apitos e camisetas enchem as prateleiras. E, até segunda ordem, vão ficar lá.

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De acordo com Ondamar Ferreira, gerente da maior loja da região, a greve foi um balde de água fria, e o clima de Copa só vai começar quando a paralisação acabar. "Na semana passada, as vendas estavam indo bem. Mas a greve esfriou tudo", disse o vendedor. "Todos nós estamos preocupados. Nossa esperança é que a seleção vá longe", afirmou o empresário Pierre Sfeir.


Os poucos torcedores que pararam nas vitrines para analisaram os produtos reclamaram dos preços e disseram que vão esperar um pouco mais. "Acho que a gente ainda não está com a cabeça na Copa. Está cedo, né? Tem outras coisas na frente", disse a cabeleireira Ana Pereira Lima, que estava namorando um colar, mas não o levou.

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A paralisação dos caminhoneiros é o problema mais urgente, principalmente nas prioridades de consumo, mas não é o único. Victor Melo, coordenador do Laboratório de História do Esporte e do Lazer da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), afirma que o entusiasmo dos torcedores com a Copa vem caindo nos últimos anos.


"No passado, o envolvimento do brasileiro com o evento era maior. Talvez porque grande parte dos jogadores não jogue mais no Brasil, reduzindo-se a identificação. Ou talvez possa ser algum desdobramento da última Copa, realizada no Brasil, quando tivemos algumas decepções, entre as quais um resultado inesquecível (do ponto de vista negativo) em um jogo contra a Alemanha e os inúmeros problemas que ocorreram antes, durante e depois do evento, o fracasso da promessa de que esse deixaria um legado para o país", disse o estudioso.


ATLETAS - Os jogadores perceberam que algo está diferente. "Esses momentos de dificuldade, com certeza, chegam pra gente. Também nos afeta e afeta nossas famílias", afirmou o goleiro Alisson antes do embarque para a Inglaterra.

Na última sexta-feira, o lateral-esquerdo Filipe Luís também havia declarado que a greve dos caminhoneiros preocupava o grupo de jogadores, apesar de a delegação não ter enfrentado nenhum tipo de dificuldade ao longo da semana, quando se concentrou na Granja Comary, em Teresópolis (RJ). (colaborou Almir Leite, de Londres)


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