Passado o primeiro turno das eleições, desejo tratar de inovação e política a partir de um prisma
mais amplo, independente de questões contextuais.
Inovação é uma palavra muito falada por autoridades nos mais variados setores e segmentos da
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Administração Pública, algo bastante positivo porque mostra um interesse no assunto. Porém,
como se trata de um assunto técnico, é preciso que também haja uma busca por informações
assertivas.
Assim como ocorreu com a educação, que atualmente é um dos principais pilares de muitos
candidatos à vida pública, a inovação tende a se tornar uma panaceia, que teria a incumbência
de resolver uma série de problemas do nosso país. Falta emprego, inovação; inflação alta,
inovação; falta de segurança pública, inovação. De uma certa forma, ideias inovadoras podem
fazer muita coisa mesmo.
Se outrora um diploma universitário assegurava um bom emprego, isto já não acontece mais.
Para quem inova, no entanto, oportunidades de trabalho estão sobrando. A famigerada inflação
também pode ser combatida com inovações, como vem ocorrendo com as fintechs, startups do
setor financeiro que tornaram o custo do dinheiro mais baixo, ou ainda o Pix, uma inovação
oriunda do Banco Central do Brasil. Na segurança pública, máquinas e dispositivos inovadores,
como drones e câmeras de identificação facial estão ajudando a combater o crime.
No entanto, inovação não é só comprar tecnologia, é principalmente desenvolver e melhorar a
vida de pessoas em dada região ou um país por meio de empresas e cidadãos que gerem
propostas inovadoras. Nesse sentido, as autoridades têm um papel imprescindível. Primeiro,
como indutor da inovação. Por exemplo, de um arcabouço legal que traga segurança jurídica.
Ou ainda investindo recursos em segmentos nos quais a iniciativa privada tem menor interesse,
como no campo social. Segundo, tornando a inovação uma prática recorrente, incorporada aos
processos e ao ecossistema. Um bom exemplo, é inovar na Administração Pública, oferecendo
melhores produtos e serviços ao cidadão. Outro, é trazendo melhores condições para que
empresas privadas, órgãos públicos e entidades do terceiro setor criem inovação, como nas
incubadoras e hubs.
O Brasil é um grande consumidor de inovação, mas pouco produz face às demandas que temos.
Não me refiro ao fato de muitos produtos eletrônicos virem de outros países, mas ao fato de que
nossas indústrias, o setor de serviços e a própria Administração Pública enfrentam atualmente
diversos dilemas sem solução. Quem pode e deve resolver esses problemas somos nós, que
vivemos aqui, conhecemos nossa realidade e padecemos com a falta de inovação.
A solução para isso não é simples, fácil e tampouco rápida, todavia passa por conhecimento
técnico, parte dele já disponível e até aplicados. Quais? Isso é assunto para novas colunas ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP). Jornalista na Câmara de Vereadores de Mandaguari, professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e parecerista internacional. Autor do livro “Inovação em Comunicação no Brasil”.