O delegado do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Alan Flore, tem prazo até amanhã para concluir o inquérito relativo à quinta fase da Operação Publicano, que apura suposto esquema milionário de cobrança de propinas no setor de abate de suínos.
Ontem, 11 pessoas (sendo sete presos) foram ao Gaeco para interrogatório. Os sete presos são os auditores Luiz Antonio de Souza, principal delator do esquema, sua irmã, Rosângela Semprebom, e José Luiz Favoreto; os empresários Aparecido Domingues dos Santos e Antonio Luiz da Cruz, o aposentado Jorge Macri e Donizete das Dores. Também foram interrogados parentes de Cruz e outras duas pessoas que não estão presas.
Segundo o delegado, Souza e Rosângela preferiram não ser interrogados e prestaram depoimento informal ao Ministério Público (MP).
O advogado dos irmãos, Eduardo Duarte Ferreira, afirmou que seus clientes relataram ter cobrado e recebido dívidas de Santos, empresário conhecido como "Dinho do Porco", que teria feito empréstimo de mais de R$ 1 milhão de Souza, em 2014. "Mas, negam qualquer ato de extorsão. Era uma dívida de empréstimo", repetiu Ferreira. "Ele (Souza) acredita que em razão do acordo de delação premiada estava com os bens desbloqueados e podia tentar recuperar dinheiro não recebido antes de ir para a cadeia."
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Souza foi preso em janeiro de 2015 ao ser flagrado em um motel com uma adolescente. Em maio daquele ano firmou acordo de delação premiada e desde então tem cumprido pena, com previsão de ir para prisão domiciliar no final de junho. Se tiver praticado crime – extorsão – após a delação, o acordo pode ser rescindido e a prisão se estender por período indeterminado.
A cobrança de dívidas teria alcançado outros clientes de Souza, mas, quase sempre sem sucesso. Ele teria a receber pelo menos R$ 2 milhões e, para tanto, teria pedido, mesmo estando preso, a mais de uma dezena de pessoas – incluindo a irmã – que cobrassem esses valores. Os pedidos teriam sido feito a pessoas que encontrava durante saídas da prisão para prestar depoimentos no Gaeco ou no Fórum, disse Souza. Posteriormente, acabou encontrando alguém dentro da cadeia para dar essa "ajuda".
Do empresário de Quatiguá, teria recebido entre R$ 500 mil e R$ 600 mil após ser preso, mas antes de fazer o acordo de delação premiada. O restante foi pago no final de ano passado, quando Dinho do Porco teria repassado quatro caminhões para Souza, avaliados em aproximadamente R$ 900 mil. Dois teriam sido vendidos, mesmo bloqueados judicialmente, e por eles teria recebido R$ 400 mil, disse Ferreira.
Hoje algumas pessoas ainda devem ser ouvidas. No sábado, o delegado conclui o prazo. "Considerando o número de pessoas a serem ouvidas e as diligências necessárias, o prazo é muito exíguo, mas vamos finalizar o inquérito no sábado", disse Alan Flore. A fase cinco da Publicano foi deflagrada na quinta-feira da semana passada.