O ex-ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu, afirmou nesta quinta-feira que o julgamento do Supremo Tribunal Federal, que decidiu pela abertura de ação penal contra 40 acusados de envolvimento no esquema do mensalão, "está sob suspeição" porque houve "interferência brutal" da mídia na decisão do tribunal.
"A publicação dos e-mails evidentemente é uma interferência brutal no julgamento", disse, em referência a reportagem do jornal O Globo que revelou o conteúdo de mensagens trocadas por computador entre os ministros Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski, durante o julgamento. O diálogo mostrava que eles discutiam pontos do mérito da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal.
Em entrevista coletiva à imprensa em São Paulo, Dirceu também comentou reportagem publicada nesta quinta-feira no jornal Folha de S.Paulo, segundo a qual o ministro Ricardo Lewandowski disse, em uma conversa telefônica, que o STF "votou com a faca no pescoço" e que "a imprensa acuou o Supremo" para decidir pela abertura de ação penal no caso do mensalão.
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"Se isso é normal, estou vivendo em um 'teatro do absurdo'. No mínimo, o julgamento está sob suspeição. Estou entre perplexo, estupefato e quase entrando em pânico", afirmou o ex-ministro.
Os dois episódios, acrescentou, não podem "passar em branco". Ele defendeu que cabe à sociedade cobrar uma posição do STF: "Quem me garante que eu vou ser julgado daqui a dois anos de uma forma absolutamente dentro da lei e da Constituição?".
José Dirceu informou que não pretende questionar judicialmente a decisão do STF e que seu advogado, "no tempo certo" , responderá a cada uma das denúncias. E negou ter cometido os crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha, por que foi acusado. "Não roubei, não deixei roubar, não cometi nenhuma ilegalidade no governo. Da minha parte, como ministro, como liderança do PT, jamais participei de qualquer reunião ou fui informado da existência de mensalão", disse.
ABr