Um grupo de 40 jovens aprendizes do ProAção Irmã Eunice Benato, unidade social do Grupo Marista que atende moradores da Vila Torres, em Curitiba, se dedicou no último mês a debater propostas de redução da maioridade penal.
De acordo com a arte-educadora Fernanda Terra, o resultado das discussões foi apresentado na semana passada, em um seminário sobre juventude.
"A gente pensou não em trabalhar uma ideia formada, mas em trazer alguns conceitos, algumas realidades, como políticas públicas existentes, para que eles tivessem uma consciência crítica e formulassem suas próprias opiniões", explica. Dos integrantes da turma, 37 se posicionaram contra a redução e três disseram ser a favor ou ainda não ter uma opinião formada.
Leia mais:
Sede da Câmara de Londrina será entregue dia 10 e vai receber posse, diz presidente
Deputados paranaenses confirmam emendas para o Teatro Municipal de Londrina
Bolsonaro é plano A, posso ser o plano B, diz Eduardo sobre eleição de 2026
Comissão de Constituição e Justiça aprova projeto que transforma Detran em autarquia
"Estou em dúvida. Eu conheço muitos jovens infratores e vejo que a maioria faz isso por escolha. Eles têm que pagar. Só não dessa forma tão drástica, de ir para a cadeia como os adultos que cometem chacinas", diz Cleison da Silva Vieira, de 16 anos.
Para Ana Caroline dos Santos Paulino, também de 16, os adolescentes têm a vida inteira pela frente e, por isso, não deveriam ser levados para prisões comuns. "Querem colocar a gente ali, com 16 anos, sem personalidade formada, junto com um homem de 30 anos, que tem 20 homicídios nas costas. E o que a gente vai aprender? Aquilo que a gente está vendo. Quando sair dali, é aquilo que o jovem vai transmitir para a sociedade", opina.
Daniel Machado, de 17 anos, pede mais investimentos em educação. "Sou contra porque o governo cria leis para aumentar as cadeias, mas não vai à favela visitar, levar uma cesta básica, ou à escola saber o que está faltando", afirma.
"Se não tem lei para polícia corrupta, por que vai ter lei para prender o jovem?", questiona Matheus Henrique Ferreira Melo, de 16 anos. Ele critica a falta de espaço dos jovens no debate sobre o tema. "Existe bastante preconceito contra a juventude. A sociedade julga, acha que jovem é aquela pessoa drogada, que não quer saber de nada. Mas nem todos são assim".