O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), defendeu hoje (22) que o Congresso mantenha seu ritmo de trabalho, independente da crise política vivida pelo país. Em discurso no plenário da Casa e conversa posterior com a imprensa, Jucá disse que as investigações sobre a conduta do presidente Michel Temer ainda não começaram de fato e a perícia no áudio da conversa dele com Joesley Batista sequer foi realizada, o que significa que não há motivos para paralisação dos trabalhos legislativos.
"As votações são para melhorar o Brasil e o Brasil não pode parar", disse Jucá. "Eu acho que a delação fala de centenas de pessoas. Todas devem ser investigadas. Agora, não é porque está se investigando que vai se paralisar o governo ou, pior, vai paralisar o Congresso".
Na opinião de Jucá, o governo já enviou as reformas ao Legislativo e, agora, "quem vai falar é o Congresso, não é mais o governo", com as votações. A prova disso, ressaltou, é que os presidentes das duas Casas demonstraram disposição em manter a agenda de votações.
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"Não quer dizer que não haja crise e que não se discuta política, mas quer dizer que, com tudo isso, o Senado e a Câmara têm que estar preparado para, mesmo discutindo qualquer anormalidade política, nós tenhamos a condição de separar e votar as matérias de interesse do país", disse.
Sobre o debate em torno da aprovação de uma proposta de emenda à Constituição que permita eleições diretas – caso o presidente deixe o poder – Jucá disse se tratar de uma "discussão inócua". "Não há nenhum tipo de vacância. Então se não há vacância, não há substituição. É uma discussão inócua, uma discussão que pretende criar um fato para depois discutir a substituição do fato. Se nós não tivemos nem ainda a perícia da fita, se as pessoas não foram ainda ouvidas, se ninguém foi investigado, por que é que vai se discutir [a PEC]? Essa é uma discussão política, uma tentativa de paralisar o país", disse.
Oposição
Para a oposição, no entanto, não há condição de os parlamentares darem prosseguimento à pauta proposta pelo governo. O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendeu que a votação das reformas deveria ser paralisada e apenas uma PEC que discuta a antecipação de eleições gerais deveria ser debatida pelo Congresso.
"Não há ambiente para outras votações enquanto Temer estiver na Presidência da República. Com relação a essa proposta de emenda constitucional, eu acho que poderia haver uma emenda exatamente nesse sentido de que a eleição fosse, na verdade, a antecipação das eleições gerais do ano que vem", disse.