O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (23) que os encontros que vem mantendo com líderes da oposição são sinal de um país civilizado. Para ele, um presidente da República não pode governar somente com os aliados e é mais fácil conversar com a oposição neste momento, porque não é candidato à Presidência da República em 2010.
Na última quinta-feira (19), Lula reuniu-se com o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), no Palácio do Planalto. Ele já conversou também com o senador do Partido Democratas, antigo PFL, Antônio Carlos Magalhães (BA).
"Nós precisamos dar exemplos de uma pátria civilizada, em que o presidente da República tem que ser uma espécie de magistrado e ele não pode ficar apenas governando com os seus, sem lembrar que é sempre importante a gente ouvir aqueles que pensam diferentemente de nós", afirmou Lula, no programa de rádio Café com o Presidente.
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"Eu não tenho mais o que disputar em 2010. Eu tenho apenas que deixar o Brasil em 2010 infinitamente melhor do que o Brasil que eu recebi. Isso é o que me dá liberdade de procurar todos os setores da sociedade para conversar. Vou conversar muito mais daqui para frente. Não havia por que não conversar com o Tasso Jereissati, com quem eu sempre tive uma boa relação, que ficou truncada no primeiro mandato", completou. As informações são da Agência Brasil.
Para Lula, as conversas com a oposição foram produtivas e o presidente pretende contribuir com a recuperação da credibilidade política dos partidos. "Nós precisamos fazer o Brasil dar um salto de qualidade, nós precisamos fazer o Brasil melhorar as coisas para seu povo. Esse compromisso eu quero partilhar com eles (oposição) também. Vamos conversar com mais gente, ou seja, eu penso que o Brasil está com a sua democracia consolidada. As instituições estão funcionando muito bem, os partidos políticos precisam funcionar cada vez melhor".
Após encontro com Lula, no último dia 19, Tasso afirmou que a relação entre governo e oposição não mudará. No programa de rádio, o presidente admitiu que a disputa política nunca terminará, porém acredita que propostas do governo federal, como as medidas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), poderão ser aprovadas no Legislativo. "O que é importante é que a gente consiga fazer uma separação do que é a luta política e a necessidade do país", acrescentou.
"Não é nenhum projeto de interesse pessoal do presidente da República. E nesse aspecto é que eu acho que eu posso contar com o Congresso Nacional. Vai ter o debate político, discursos mais fervorosos, mas na hora de votar as pessoas vão ter que escolher entre melhorar o Brasil ou piorar o Brasil. Certamente, todo mundo quer melhorar o Brasil", disse.
Sobre os encontros com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), da oposição, e a aproximação com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), partido aliado ao governo, Lula voltou a classificar as relações de civilizadas e afirmou que na hora de discutir questões administrativas não "existe oposição ou situação".
"Eu sei que têm governadores que pertencem a partidos de oposição, mas na hora de discutir a questão administrativa não existe oposição e situação. O que existe, na verdade, são interesses de milhões de brasileiros e brasileiras que nós precisamos cuidar conjuntamente", disse, em seu programa de rádio.