Empossado nesta segunda-feira, 12, como ministro da Cultura, Juca Ferreira rebateu as declarações da antecessora, a senadora Marta Suplicy (PT-SP), segundo ele motivadas por "mau humor". "Eu sou um alvo eventual. Ela (Marta) quis atirar em Deus e acabou acertando no padre de uma paróquia", disse o ministro. "O problema dela é com o PT, com a presidente da República e com o desejo já de algum tempo de ser candidata. Ela está manifestando um mau humor."
Juca foi acusado por Marta de ter cometido "desmandos e irregularidades" em sua primeira passagem pelo Ministério da Cultura (MinC). O novo titular da pasta disse ter se sentido "agredido" pela "irresponsabilidade" da senadora, que também fez críticas ao governo Dilma Rousseff, ao ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e ao presidente do PT, Rui Falcão. "Me senti agredido com a irresponsabilidade como ela tratou uma pessoa honesta, com quase 50 anos de vida pública e que não tem um desvio sequer", afirmou Juca, pouco depois da cerimônia de transmissão de cargo.
Como mostrou hoje o jornal O Estado de S. Paulo, Marta enviou à Controladoria-Geral da União (CGU) documentos sobre supostas irregularidades em convênios da Cinemateca, órgão vinculado ao MinC com sede em São Paulo. O valor dos contratos soma R$ 105 milhões.
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Em resposta às críticas da antecessora à sua gestão no MinC, Juca devolveu em moeda semelhante, e afirmou que Marta não foi uma ministra tão boa quanto foi prefeita de São Paulo, entre 2001 e 2004.
"Quando voltei do exílio, a Marta tinha um programa de televisão e eu fiquei fã dela pela coragem dela em defender a sexualidade feminina e o direito do orgasmo, coisa que era um tabu no Brasil. Tinha toda uma campanha contra ela, depois minha admiração cresceu quando ela foi prefeita de São Paulo, foi uma boa prefeita", comentou Juca.
"Agora, como ministra eu não tenho uma avaliação, mas estou recebendo os resultados da comissão de transição e eu diria que não foi tão boa quanto ela foi prefeita da cidade. Ela se voltou contra mim - porque na verdade eu não estou na linha de tiro dela, vocês viram a entrevista do Estadão que não é comigo o conflito -, é porque eu fui mais aplaudido do que ela em um evento cultural", disse Ferreira.
O ministro afirmou que não pode ser punido pela sua popularidade. "Isso (a recepção positiva) são pessoas que reconhecem o trabalho que foi feito no governo do presidente Lula e queriam que essa politica continuasse, e veem em mim uma possibilidade de continuidade. Eu não posso pagar por isso", comentou Ferreira.
Questionado pelo Broadcast Político se as declarações da petista não seriam uma forma de revanchismo, o ministro respondeu: "Não sei, o nome quem bota é vocês (dirigindo-se aos repórteres)."