Após uma série de reuniões com ministros do PMDB e auxiliares mais próximos, a presidenta Dilma Rousseff não conseguiu fechar na última sexta-feira (1º) os detalhes da "repactuação" anunciada na terça-feira (29). Por isso, ela decidiu adiar para a semana que vem a definição dos integrantes do partido que continuarão no governo e quais darão espaço a outras legendas.
Nesta sexta-feira, ela passou parte da tarde no Palácio da Alvorada reunida com os ministros da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, da chefia de Gabinete, Jaques Wagner, e da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, além do assessor especial Giles Azevedo.
Mesmo depois do rompimento do PMDB com o governo e a determinação de que seus integrantes deveriam entregar os cargos, os seis ministros do partido insistem em continuar em seus postos, embora tenham deixado Dilma "à vontade" para recompor sua base aliada. Caso eles permaneçam no governo, poderão ser expulsos do partido.
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A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, foi convidada na quarta-feira (30) por algumas deputadas federais do PR para se filiar à legenda. Além de Kátia Abreu, mais cinco peemedebistas permanecem em cargos na Esplanada: Mauro Lopes (Secretaria de Aviação Civil), Helder Barbalho (Secretaria dos Portos), Eduardo Braga (Ministério de Minas e Energia), Marcelo Castro (Ministério da Saúde) e Celso Pansera (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação).
Até o momento, Henrique Eduardo Alves foi o único a entregar o cargo. Ele ocupava o Ministério do Turismo.
Nessa quinta-feira (31), Dilma se reuniu com os ministros do partido e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que também integra a legenda. Para que possa oferecer os cargos vagos a partidos que darão garantias de que agregarão votos contrários ao processo de impeachment, ela precisa resolver a situação dos peemedebistas. Celso Pansera e Helder Barbalho são os que mais resistem em deixar no governo.
Marcelo Castro, segundo um interlocutor do Planalto, é o que mais quer continuar ministro, mas a pasta da Saúde já está nas negociações com outras legendas. O governo precisa fechar as contas sobre a proporção de apoio que cada indicado vai garantir às votações no Congresso Nacional.
Nesse sentido, as conversas estão sendo feitas para convencer a base parlamentar dos ministros. Com Castro e Pansera, por exemplo, a discussão passa pelo líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), já que eles também são deputados federais. Além de Berzoini, Giles e Wagner, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem participado das negociações.
Em resposta às críticas de que está havendo "compra de votos", o ministro Jaques Wagner defendeu a nova composição da base parlamentar. "Repactuar o governo é reorganizar a base de apoio. Trata-se de ocupar os espaços vazios com novos partidos que ainda não tiveram oportunidade de ter cargo no primeiro escalão. Chegou a vez dos pequenos partidos sempre deixados para trás devido ao PMDB ter os melhores ministérios", disse em declaração enviada por sua assessoria de imprensa.
Na avaliação do ministro, "o governo transformou um fator muito negativo", o desembarque do partido, "em positivo". Segundo um assessor do Palácio do Planalto, os entendimentos com algumas bancadas já estão "avançados". É o caso do PP, PSD, PR e PRB, que havia rompido com o governo há duas semanas. Representantes de partidos menores também participam das negociações.