Os partidos de oposição – DEM, PSDB e PPS – protocolaram hoje (28) representação criminal na Procuradoria-Geral da República contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O documento pede a instauração de inquérito policial para investigar a veracidade das denúncias feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, à revista Veja desta semana.
Mendes contou à reportagem da revista que, em encontro com o ex-presidente, no escritório do ex-ministro da Justiça e ex-presidente do STF, Nelson Jobim, foi pressionado a se posicionar de modo a retardar o julgamento do processo do mensalão, que irá julgar 38 réus acusados de participar de um esquema de compra de votos favoráveis ao governo Lula no Congresso, em 2005.
Para constranger o ministro, o ex-presidente teria perguntado de uma viagem que Mendes fez a Berlim. De acordo com a representação entregue pelos oposicionistas, reproduzindo texto da Veja, o ex-presidente "se referia a boatos de que o ministro e o senador Demóstenes Torres teriam viajado para a Alemanha à custa de Carlos Cachoeira e usado um avião cedido pelo contraventor".
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Segunda a reportagem, o ex-presidente teria oferecido proteção ao ministro na comissão parlamentar de inquérito que investiga as atividades de Cachoeira, acusado de controlar esquema de jogos ilegais em Goiás e de tráfico de influência.
Os oposicionistas afirmam que a atitude do ex-presidente configura crimes de corrupção ativa, de tráfico de influência e de coação no curso do processo. A representação encaminhada ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pede que, além da abertura de inquérito policial, seja oferecida denúncia criminal e abertura de ação penal contra o ex-presidente.
"O que o Ministério Público tem que averiguar é se há de fato um gerenciamento indevido junto a uma autoridade pública. Isso é uma conduta criminosa que o procurador-geral da República precisa investigar e transformar ou não em ação competente", declarou o líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE).
Assim que passar pelo protocolo da Procuradoria-Geral da República, a representação será encaminhada ao procurador-geral, que decidirá que medidas tomar. Gurgel não tem prazo para responder ao requerimento apresentado pelos parlamentares do PSDB.