A Polícia Federal indiciou na noite desta terça-feira (04) o ex-ministro da Fazenda, Antonio Palocci, por quebra de sigilo funcional.
O depoimento de Palocci à Palocci estava inicialmente agendado para as 10 horas desta quarta-feira (05), mas o ex-ministro foi ouvido ontem a noite em sua casa, em Brasília.
Segundo o advogado de Palocci, José Batochio, o ex-ministro negou as acusações de que seria o autor da ordem para que o sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa fosse quebrado. Batochio informou em entrevista coletiva que Palocci destruiu o extrato "em um triturador que tem em casa".
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Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, afirmou que entregou o extrato bancário do caseiro "pessoalmente" a Palocci. Os dois pediram demissão na última segunda-feira (27). No mesmo dia, Mattoso também foi indiciado pelo crime de quebra do sigilo funcional, que prevê pena de até seis anos de prisão.
A versão do ministro, contada pelo advogado, é a de que, no último dia 16, teria se reunido com todos os presidentes de bancos públicos do Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, também participaram da reunião, segundo o advogado. "O senhor Mattoso disse que tinha questões a colocar ao então ministro acerca da Caixa, que seria a abertura de escritórios comerciais da Caixa no Japão e nos Estados Unidos".
Ainda segundo o advogado, "o ministro Palocci, ao deixar a reunião, sem ouvir as ponderações do presidente da Caixa disse: 'Vou sair daqui, vou para outra reunião e da outra reunião irei para minha casa'. Comunicou ao senhor Jorge Mattoso que, como trabalha diariamente até à 1h, estava à disposição para ouví-lo".
Mais adiante, o advogado diz que "ao cabo da reunião, Mattoso disse que precisava conversar porque precisava do apoio do ministro para este projeto de criar escritórios e que isso era urgente. O ministro disse ‘olha, você me procura em casa’".
José Batochio diz que Mattoso foi à casa de Palocci às 23 horas, "após um contato telefônico para colocar essas questões, oportunidade em que revelou ao ministro que setores, que não identificou, teriam informado a Mattoso, que havia movimentação financeira atípica na conta de Francenildo". Mattoso teria, então, perguntado ao ministro "se o extrato deveria ser encaminhado ao Coaf". Dois dias depois, a Caixa encaminhou o extrato ao Coaf.
O advogado informou ainda que entre o depoimento de Palocci e o de Mattoso "não há nenhuma dissonância, porque ambos falaram a verdade. Os dois depoimentos estão harmoniosos". Batochio confirmou que o secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça, Daniel Goldberg, e o assessor de Comunicação de Palocci, Marcelo Netto, estavam na casa. Mas "não participaram do encontro com Mattoso e não tiveram acesso ao extrato bancário".
Segundo Batochio, o ministro foi ouvido em casa porque está com problemas cardíacos. Ele "foi ouvido com eletrodos ligados porque está se submetendo a essa investigação aprofundada do ponto de vista cardiológico".
Ex-assessor de Palocci depõe na PF
O ex-assessor de imprensa de Antonio Palocci no Ministério da Fazenda, jornalista Marcelo Netto, já deixou a sede da Polícia Federal, em Brasília, depois de ter prestado depoimento no inquérito que investiga a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos Costa. Marcelo Netto saiu pela garagem do prédio, sem prestar declarações.
O motorista Francisco Chagas da Costa, disse ter visto um carro igual ao do assessor na garagem da casa de Palocci, no dia 16 de março, data em que o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, informou ter entregue o extrato de Francenildo ao então ministro da Fazenda.
Informações da ABr