Duas declarações públicas de membros da cúpula do PSDB, na terça-feira (14)em Brasília, colocaram o nome do senador paranaense Flávio Arns (PT) como cotado para ocupar a cadeira do atual presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cuja permanência no comando da Casa está ameaçada.
Na sessão plenária de terça-feira última, o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), afirmou na tribuna que apoia a figura ‘pacificadora’ de Arns para assumir o comando da Casa. A declaração foi ratificada pelo líder da bancada do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).
Embora pertença ao PT, Arns transita bem pelo grupo tucano. Além de já ter sido filiado ao PSDB, o senador paranaense adotou uma postura crítica em relação ao PT e ao governo federal, acentuada depois das eleições de 2006, quando saiu derrotado da corrida ao governo do Paraná alegando falta de adesão da sigla em torno de sua candidatura.
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Mas, apesar dos tucanos terem ventilado o nome do petista, a novela envolvendo a permanência de Sarney continua. Em entrevista ontem à FOLHA, o senador Alvaro Dias (PSDB/PR) disse que apoiaria Flávio Arns ‘de olhos fechados’, mas que o episódio na Casa está ‘caminhando para outra direção’. ‘Eu não ouvi falar (nas declarações dos dois correligionários sobre Arns), mas ele é uma figura ética e teria meu apoio integral. Mas as coisas não caminham nesse sentido. O Sarney não deve renunciar’, opinou Alvaro.
Para o tucano, as ações contrárias à permanência do Sarney estão ‘limitadas’. ‘Ele está nos vencendo pelo cansaço. Não vejo possibilidade de êxito’, disse Alvaro. Ele acrescenta que a participação do presidente Lula (PT) tem sido decisiva no embate. ‘Não fosse o poderio do governo federal e do Lula, já teria acontecido uma pulverização das forças’, afirmou ele. Entre os integrantes da base aliada, Arns se manifestou abertamente contra a postura pró-Sarney do presidente Lula.
Em entrevista à FOLHA, Arns comentou que foi pego de surpresa ao ouvir as declarações dos tucanos. ‘Eu não tinha falado nada com eles. Foram declarações expontâneas. Mas é um sinal de prestígio, de reconhecimento ao nosso trabalho, ao fato de a gente se pautar pelo diálogo’, disse o petista, que, até aquele momento, não tinha sido efetivamente procurado pelo PSDB.
Questionado sobre o que a bancada do PT pensava sobre a possibilidade, Arns afirmou apenas que ‘o PT procurou não partidarizar’. ‘Independente do partido, é preciso colocar alguém para mudar o clima, a favor da transparência’.
Segundo o petista, Sarney já tinha que ‘ter se afastado logo no começo’. ‘É uma situação emblemática. Cada dia é um fato novo’, comentou ele.