O relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha (PT-MG), dedicou 349 páginas de seu relatório ao envolvimento de profissionais de mídia com a organização do contraventor Carlos Cachoeira. No texto pede o indiciamento de cinco jornalistas e o aprofundamento de investigações sobre outros sete. A lista inclui autores de reportagens contra políticos do PT e aliados do governo que usavam a quadrilha como fonte.
Quase 85 páginas do capítulo são dedicadas ao redator-chefe da revista Veja e diretor da sucursal de Brasília da publicação, Policarpo Júnior, alvo de pedido de indiciamento por formação de quadrilha. Ele é autor de denúncias contra o ex-ministro José Dirceu e de reportagens como a que revelou corrupção no Ministério dos Transportes. As escutas da PF mostraram que o editor falava com Cachoeira sobre informações para suas investigações.
Policarpo é descrito como um "jornalista pronto a atender aos desejos do bicheiro". Analisando diálogo em que Policarpo pede a Cachoeira que "levante umas ligações" sobre o deputado Jovair Arantes (PTB-GO), o relator sugere que o editor estaria encomendando um grampo ou investigação que "poderia ou não caracterizar algum delito". Em um outro ponto, cita pedido do contraventor para que fosse publicada uma nota em uma coluna da revista. O e-mail foi mandado, mas o texto não foi publicado.
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Os outros indiciados são Wagner Relâmpago (formação de quadrilha), da TV Brasília; Patrícia Moraes, do jornal Opção de Goiás; Carlos Antônio Nogueira, do jornal O Estado de Goiás, e João Unes, do jornal online A Redação.
O relator descreveu as relações do grupo de Cachoeira e seus aliados com os jornalistas Cláudio Humberto, Jorge Kajuru, Mino Pedrosa, Magnho José, Renato Alves, Luiz Costa Pinto e Eumano Silva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo